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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
Personal Sexual Trainer
A IDEIA COMEÇOU modesta,
em alguns países muito esclarecidos do norte da Europa.
No começo era vista com um
misto de curiosidade, diversão e horror pelos outros povos. Aos poucos, bandos de
"modernos" começaram a difundir a prática em lugares
"diferentes" como o Canadá
e Japão.
Blogs e revistas especializadas a tiraram da subcultura até o ponto em que os
meios de comunicação de
massa não conseguiram mais
evitá-la.
Rapidamente o costume
chegou ao Brasil, e as velhas
gerações, que a princípio torciam o nariz e blasfemavam,
aos poucos passaram a aceitá-la melhor e até trocar recomendações.
O Personal Sexual Trainer
tinha se tornado um hábito,
não havia dúvidas que a categoria profissional chegara
para ficar. E ai do pobre senhor ou senhora que perdesse
o emprego e não conseguisse
bancá-lo para o parceiro.
Calma, é ficção. Poderia
ser realidade, mas, que alívio,
é ficção. Ao contrário dos
piercings, das relações de "ficar", do trabalho em fim de
semana, da junk food, do estresse, dos que se conhecem e
se apaixonam no ambiente
de um videogame, da dependência de celulares e redes
sociais, das bebidas energéticas e isotônicas, das cirurgias
plásticas "estéticas", da barra de cereais, da granola com
açaí, da solidão pública, ampla e avassaladora e de todas
as coisas esquisitas que hoje
achamos normais, o Personal
Sexual é ficção.
Surgiu em um papo de boteco, em algum ponto depois
da oitava cerveja. Talvez um
dia ele vire realidade, espero
que não. Daí só peço a você
um favor: não diga que leu
primeiro aqui.
Nosso mundo é mesmo
muito esquisito. A relutância
em compreender o que está
acontecendo, manifestada
por ridicularização ou deboche, é o que envelhece, seja
qual for a idade do crítico.
Quem pretende trabalhar
com tecnologias de amanhã
não pode ter a mente presa
aos valores de ontem. Isso
não significa aceitar bovinamente tudo que vem pela
frente, mas tentar compreender os motivos que causaram
as novidades. Eles costumam
ser bem óbvios, mas dificilmente conseguem ser traduzidos para os parâmetros
com que fomos alfabetizados.
As melhores ideias são
quase sempre as que começam mais absurdas e só seriam viáveis em um mundo irreal. Mas a realidade é, cada
vez mais, só mais uma ideia.
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