São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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#PRONTOFALEI

LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br

Personal Sexual Trainer

A IDEIA COMEÇOU modesta, em alguns países muito esclarecidos do norte da Europa. No começo era vista com um misto de curiosidade, diversão e horror pelos outros povos. Aos poucos, bandos de "modernos" começaram a difundir a prática em lugares "diferentes" como o Canadá e Japão.
Blogs e revistas especializadas a tiraram da subcultura até o ponto em que os meios de comunicação de massa não conseguiram mais evitá-la.
Rapidamente o costume chegou ao Brasil, e as velhas gerações, que a princípio torciam o nariz e blasfemavam, aos poucos passaram a aceitá-la melhor e até trocar recomendações.
O Personal Sexual Trainer tinha se tornado um hábito, não havia dúvidas que a categoria profissional chegara para ficar. E ai do pobre senhor ou senhora que perdesse o emprego e não conseguisse bancá-lo para o parceiro.
Calma, é ficção. Poderia ser realidade, mas, que alívio, é ficção. Ao contrário dos piercings, das relações de "ficar", do trabalho em fim de semana, da junk food, do estresse, dos que se conhecem e se apaixonam no ambiente de um videogame, da dependência de celulares e redes sociais, das bebidas energéticas e isotônicas, das cirurgias plásticas "estéticas", da barra de cereais, da granola com açaí, da solidão pública, ampla e avassaladora e de todas as coisas esquisitas que hoje achamos normais, o Personal Sexual é ficção.
Surgiu em um papo de boteco, em algum ponto depois da oitava cerveja. Talvez um dia ele vire realidade, espero que não. Daí só peço a você um favor: não diga que leu primeiro aqui.
Nosso mundo é mesmo muito esquisito. A relutância em compreender o que está acontecendo, manifestada por ridicularização ou deboche, é o que envelhece, seja qual for a idade do crítico.
Quem pretende trabalhar com tecnologias de amanhã não pode ter a mente presa aos valores de ontem. Isso não significa aceitar bovinamente tudo que vem pela frente, mas tentar compreender os motivos que causaram as novidades. Eles costumam ser bem óbvios, mas dificilmente conseguem ser traduzidos para os parâmetros com que fomos alfabetizados.
As melhores ideias são quase sempre as que começam mais absurdas e só seriam viáveis em um mundo irreal. Mas a realidade é, cada vez mais, só mais uma ideia.


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