São Paulo, quarta-feira, 12 de outubro de 2011

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Sem Steve, Apple depende de Tim, Scott, Jon, Phil e Eddy

Liderança e imagem da empresa serão pulverizadas entre cinco executivos

Tim Cook, o executivo-chefe, deixa claro que, ao contrário de seu antecessor, deve dividir holofotes com colegas

JOSEPH MENN

DO "FINANCIAL TIMES"

As pessoas que estão no poder na Apple agora ainda são enigmas para muita gente, e é difícil imaginar que elas assumam as proporções míticas de Steve Jobs, o co-fundador da empresa que morreu há uma semana.
Mesmo Tim Cook, que foi executivo-chefe interino por duas vezes antes de assumir o controle total da empresa em agosto, é pouco conhecido, e seus atos na semana passada sugerem que ele não deseja estar sob os holofotes.
No último dia 4, no primeiro lançamento desde que Jobs renunciou, em agosto, Cook abriu e encerrou uma apresentação de 90 minutos para anunciar a versão mais recente do iPhone.
Mas ele cedeu a seus colegas uma parte relativamente maior de tempo sobre o palco do que seu predecessor teria feito: Scott Forstall, chefe de software para o iOS, mostrou as mudanças no sistema operacional, e o guru de marketing Phil Schiller exibiu as capacidades do iPhone 4S.
Eles e outros, incluindo Jonathan Ive, designer de hardware do Mac, tinham sido igualmente cruciais antes para o desenvolvimento e as vendas dos produtos da Apple. Mas, do jeito como Steve Jobs administrava as coisas, ele muitas vezes criava a impressão de ter trabalhado sozinho por meses sobre um produto, em sua garagem, e ter acabado de correr para o lançamento, disse Michael Gartenberg, analista de tecnologia da Gartner.
"A única coisa que certamente mudará na Apple agora é que não vamos mais ver uma só pessoa que se apresente como a manifestação física de tudo o que é Apple", disse Gartenberg.

COROA PESADA
Mesmo que quisesse, Cook teria dificuldade em assumir todo o manto de Steve Jobs. Quando voltou para a empresa, no final dos anos 1990, o cofundador a pegou 90 dias antes de falir e, em apenas 14 anos, a converteu na segunda empresa mais valorizada do mundo em termos de capitalização de mercado. Nesse processo, promoveu uma reviravolta total nos setores de música e telefonia celular.
Jobs inspirava as pessoas a criarem grandes trabalhos e foi um vendedor exímio, contagiando consumidores com seu entusiasmo. Seu vice de longa data, Cook, é controlado e discreto em comparação com ele, um especialista em operações e logística.
Um de seus primeiros atos como executivo-chefe foi promover outro dos astros da Apple, Eddy Cue, que interage com muitas pessoas de fora em sua condição de mestre da iTunes Store, a loja de mídia e aplicativos de software.
Cue é a chave para garantir a lealdade dos desenvolvedores externos, que são cruciais para o sucesso futuro da Apple contra o sistema operacional Android, do Google.
Eddy Cue trabalha para a empresa há 22 anos, tendo comandado a criação da loja on-line dela em 1998, da loja de música iTunes em 2003 e da App Store em 2008. Ele negociará com as empresas de mídia, reticentes quanto às cobranças de conteúdo pela Apple, como os 30% sobre revistas vendidas no iPad.

O DESIGNER
Também se reportam diretamente a Cook o designer britânico Jonathan Ive, visto como gênio do design por ter desenhado as linhas enxutas de iPod, iPhone e iPad, e Schiller. Outro executivo fundamental é Forstall, vice-presidente sênior de software do iPhone, criador do funcionamento interno do aparelho.
Tim Cook deixou Forstall demonstrar uma característica inovadora do iPhone 4S na semana passada, a função de reconhecimento de voz conhecida como Siri. Forstall trabalhou para Steve Jobs antes mesmo da Apple, na NeXT, a empresa de computadores que Jobs fundou depois de deixar a Apple em 1985. Mas, sobre o palco na terça-feira, Forstall e Cook mostraram que sua dedicação mais fiel não é a Steve Jobs, seu mentor, mas ao legado dele, a Apple Inc.

Tradução de CLARA ALLAIN


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