São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2011

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Tentativas de censura são cada vez mais ineficazes

Redes sociais têm sido usadas para difundir maneiras de driblar filtros

Com mercado potencial ainda grande, empresas chinesas têm feito oferta pública inicial de ações no exterior

DE PEQUIM

Mesmo com a incrível expansão dos últimos anos, a internet chinesa ainda dispõe de muito espaço para crescer. E o crescimento faz o trabalho da censura oficial ser mais mais difícil --se não impossível.
Vários números mostram que ainda há muito público de fora das redes sociais. Exemplo: cerca de 50% dos internautas chineses usam sites de relacionamento, mas apenas 14% mantêm uma conta de microblog.
Com um mercado potencial ainda grande, as empresas chinesas têm feito IPOs (oferta pública inicial de ações) no exterior para captar recursos.
O caso mais recente é do Renren, clone do Facebook. Com uma média de 55 mil novos inscritos por dia, a empresa aumentou em 64% o faturamento no ano passado, chegando a US$ 76,5 milhões. Em maio, passou a vender ações no mercado americano.
O caminho inverso também está ocorrendo com mais frequência. Sem conseguir um acesso direto ao mercado chinês, empresas estrangeiras estão buscando fazer parcerias como estratégia para entrar no mercado.
O Facebook negocia com o site de busca Baidu, o mais popular do país, para criar um site de relacionamento independente do Facebook mundial, bloqueado no país.
O mesmo Baidu anunciou na semana passada um acordo com a Microsoft para oferecer pesquisa em inglês.
Em fevereiro, o grupo norte-americano Groupon se uniu ao gigante chinês Tencent para criar o Gaopeng, de comércio eletrônico.
A procura de empresas estrangeiras por parceiras locais mostra que a internet chinesa também tem méritos, segundo o empresário espanhol Óscar Ramos, da empresa DaD Asia.
"As empresas chinesas não apenas copiam. A maioria da inovação que se faz é microinovação. Alguém recolhe uma ideia de algo que está sendo feito e tenta melhorá-la. Se comparamos as cópias das empresas chinesas, sempre há algo diferente", disse Ramos ao site Zai China.

CENSURA POROSA
Com a multiplicação de usuários em redes sociais, as tentativas de censura oficial são cada vez mais ineficazes e têm um quê de anacrônico.
Desde a semana passada, por exemplo, os rios desapareceram dos sites de busca. O motivo: o governo queria vetar rumores de que o ex-dirigente máximo Jiang Zemin esteja muito doente ou morto.
A confusão aconteceu porque a palavra "jiang", que em chinês significa rio, teve a procura bloqueada pela censura, assim como "morte".
Não demorou muito para surgirem formas de driblar o tema. A mais popular foi a imagem de uma roupa pendurada no varal com a calça bem acima da linha da cintura --a marca registrada de Jiang.
"A internet (...) contribuiu com um caudal de informação global e um espaço de autocomunicação próprio (...) que bate de frente com todas as muralhas com as quais se queira comprimi-la. O relevante na rede chinesa não é a censura, mas tudo o que acontece apesar dela", afirmou Manel Ollé, sinólogo espanhol, ao Zai China. (FABIANO MAISONNAVE)


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