Mais de 60% das buscas no país são feitas no mecanismo; site de relacionamentos tem 135 milhões de contas

MARINA FONDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O VKontakte e o Yandex --mais conhecidos no exterior, respectivamente, como as versões russas do Facebook e do Google-- não apenas se mantêm na liderança da audiência em seus ramos no país, como também têm investido, nos últimos meses, na ampliação de sua parcela do mercado fora da "Runet", como é chamada a internet na Rússia e em países russófonos, sobretudo na CEI (Comunidade dos Estados Independentes).
Ainda neste mês, a principal rede social russa mudará definitivamente de domínio, de VKontakte.ru para vk.com. A medida faz parte de uma estratégia de ampliação global do site, que já tem cerca de 135 milhões de contas registradas e é a maior rede social da Runet --ocupa primeiro na categoria na Rússia, segundo na Bielorússia e terceiro na Ucrânia e no Cazaquistão.
A popularidade do VK é tão grande que é praticamente impossível a um estrangeiro se imiscuir na sociedade local sem fazer parte do site.
"Quase ninguém na Rússia usa Facebook", afirma o estudante de medicina da Universidade Russa da Amizade dos Povos Arthur Mota, 23.
Segundo o brasileiro, que vive há quatro anos em Moscou, os colegas de faculdade postam na rede fotos de conferências, apresentações em PowerPoint e vídeos de aulas que ficam acessíveis apenas no VKontakte.
"Eu uso o VKontakte porque tem um monte de material que só dá para achar por lá, mas principalmente por causa da inclusão com os russos", explica.
Já o Yandex, que abriu sua IPO (oferta pública inicial) em maio deste ano depois de arrecadar US$ 1,3 bilhão --a maior IPO global de tecnologia do ano até então--, tem na Rússia quase o triplo da parcela de mercado de seu maior concorrente, o Google.ru.
Apesar de o Google ter chegado ao país em 2002, instalando seu escritório na capital em 2006, a parcela de buscas feitas pelo Yandex aumentou --de 54,3% em junho de 2008 para 63,4% em junho de 2011, segundo estatísticas do LiveInternet.ru.
"Nós acreditamos que podemos nos relacionar mais de perto com os interesses, as necessidades e a cultura dos usuários russos", afirma a porta-voz do Yandex, Nadejda Kuprina.
"Inclusive nos casos em que a informação requerida não se encontra na internet, podemos criar melhor esse conteúdo, como foi o caso do Yandex.Probki, um serviço para verificar o nível de trânsito das cidades", diz Kuprina.

PRATICIDADE
"Eu acho que tudo é simplesmente mais fácil de entender e está numa única página no Yandex. Uso porque para mim é mais confortável", diz a programadora Elena Tabakova, 28.
O originalmente norte-americano LiveJournal teve sua vez de voltar-se às origens globalizantes em abril deste ano, quando sua proprietária, a russa SUP Media, proibiu as subsidiárias e os seus funcionários de usarem o nome pelo qual o concorrente do Blogger (que pertence ao Google) foi apelidado no país, "ZhZh" (Zhivôi Zhurnal, tradução literal de LiveJournal para o russo).
Desde que foi comprado, em 2007, o site tem sido a maior ferramenta de expressão da oposição, já que a liberdade de imprensa no país é limitada.


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