São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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ANDRÉ CONTI

Arqueologia do becape


Com o tempo, você se esquece daquela pasta de filmes, e ela fica às traças, comendo espaço


QUANDO, na semana passada, o Google anunciou que havia perdido as contas de 150 mil usuários do Gmail, e apagado não apenas dados de agenda, mas potencialmente anos de correspondência, entrei num leve pânico. Imaginei os cenários de sempre: meu computador pegando fogo, sofrendo uma descarga elétrica, sendo roubado.
Com o preço do armazenamento em queda, ficou fácil para os acumuladores patológicos (feito eu) juntarem milhares e milhares de arquivos. Como ocorre com todo acumulador primitivo, não se trata de um sistema organizado de pastas, basta saber que as coisas estão lá.
No meu caso, são camadas geológicas de tralha digital, quase 20 anos de arquivos espalhados em disco rígidos externos, montanhas de DVDs e CDs, pen drives, disquetes, o diabo. Localizar qualquer coisa exige um trabalho de arqueologia, já que os arquivos costumam ter nomes genéricos. Vou tateando um setor do disco que tenha fotos ou textos feitos na mesma época, e depois é abrir e conferir tudo.
O problema, que imagino não seja só meu, é a chatice infinita de manter os becape atualizados, sempre. Quando a área de trabalho fica muito cheia, acabo copiando tudo para dentro de uma pasta nova, "desktop ORGANIZAR", que vai parar na pasta "Meus Documentos". Logo, sou obrigado a criar a "Meus Documentos ORGANIZAR", que é fagocitada pela irmã "desktop ORGANIZAR", e assim por diante
Após anos dessa prática sadia, o que resta é um labirinto de pastas que conduzem a outras pastas, e uma impressão bastante vaga do estado geral das coisas. A busca do Windows não costuma ajudar, e já testei vários sistemas alternativos, cada um com mais problemas do que acertos. Mesmo em um Mac, cuja busca é muito superior, dá para se perder se os arquivos não seguirem um mínimo de lógica.
Com o tempo, você se esquece daquele diretório de filmes, por exemplo, e ele fica lá às traças, comendo espaço. Nesses casos, costumo apelar ao Directory Size Calculator, um programinha gratuito que mostra quanto espaço cada pasta ocupa no seu computador. Assim, é possível localizar aquele foco perdido de filmes educativos, safra 2002, e ganhar de volta 20% do seu disco.
O que já é alguma coisa, mas não resolve se o computador derreter ou for possuído. O Mac tem o Time Capsule, um disco rígido externo que funciona por Bluetooth e realiza becapes regulares e automáticos. Mas é caro e, bem, só funciona em Macs. Recentemente, comecei a usar o Dropbox (www.dropbox.com), e ouso dizer que uma parte importante do problema foi resolvida.
O Dropbox funciona como uma pasta regular no seu sistema. Escolhi logo a pasta "Meus Documentos". Tudo que coloco lá é automaticamente sincronizado com um servidor. O programa funciona em todas as plataformas, inclusive em celulares, e os meus arquivos ficam protegidos e disponíveis a partir de qualquer navegador de internet. Ele também guarda versões anteriores dos arquivos. A versão básica, de 2 Gbytes, é gratuita, e 50 Gbytes custam US$ 10 por mês. Não dá para guardar tudo, mas é um incêndio a menos para se preocupar.

chorume.org

@andre_conti

LULI RADFAHRER
Leia a coluna desta semana em www.folha.com/luliradfahrer


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