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Conheça riscos do uso intenso da rede
Especialistas em ciberpsicologia acreditam que exposição à tecnologia pode causar mudanças na personalidade
Estudos sugerem que a dependência excessiva de telefones celulares e da internet assemelha-se a um vício
TARA PARKER-POPE
DO "NEW YORK TIMES"
Os seus amigos do Facebook são mais interessantes
que os da vida real? A internet de alta velocidade lhe
deixou impaciente com as
crianças? Você às vezes pensa em pressionar o botão de
avançar somente para perceber que a vida não vem com
controle remoto?
Se você respondeu sim a
uma dessas questões, a exposição à tecnologia pode estar
lentamente remodelando a
sua personalidade. Alguns
especialistas acreditam que o
uso excessivo de internet, telefones celulares e outras tecnologias pode nos deixar
mais impacientes, impulsivos, esquecidos e até mesmo
mais narcisistas.
"Cada vez mais, a vida está
se parecendo com uma sala
de bate-papo", disse Elias
Aboujaoude, diretor da clínica de transtornos do controle
de impulsos em Stanford.
"Nós estamos pagando um
preço em termos de vida cognitiva por causa de nosso estilo de vida virtual."
Nós gastamos muito tempo com nossos dispositivos, e
alguns estudos têm sugerido
que a dependência excessiva
de telefones celulares e internet assemelha-se a um vício.
Sites como o NetAddiction.
com oferecem testes autoavaliativos que determinam se
a tecnologia se tornou uma
droga para o usuário.
Você negligencia as tarefas domésticas para passar
mais tempo on-line? Você está checando seus e-mails a
todo momento? Você costuma perder horas de sono porque está acessando a internet
durante a madrugada?
Essas são algumas das
questões usadas a fim de determinar quem está em situação de risco. Se você respondeu "frequentemente" ou
"sempre", a tecnologia pode
estar prejudicando-o.
Em um estudo que será publicado no periódico "Cyber-
psychology, Behavior and
Social Networking", pesquisadores da Universidade de
Melbourne (Austrália) conduziram testes com 173 estudantes universitários a fim
de avaliar o risco de comportamento problemático na internet e em jogos de aposta.
Cerca de 5% dos estudantes
mostraram sinais de problemas com jogo, e 10% tiveram
pontuações suficientemente
altas para os colocarem dentro da categoria de risco de
"vício" em internet.
O imediatismo da internet,
a eficiência do iPhone e o
anonimato das salas de bate-papo talvez possam mudar a
essência de quem nós somos.
São questões como essa que
Aboujaoude explora em "Virtually You: the Internet and
the Fracturing of the Self"
(Virtualmente você: a internet e a fragmentação do indivíduo, em tradução livre), livro que deve ser lançado no
ano que vem nos EUA.
Aboujaoude também
questiona se o imenso espaço para armazenamento disponível em e-mail e na internet não impede que muitos
usuários não consigam esquecer o passado, guardando muitas memórias antigas
e desnecessárias que prejudicam a formação de novas experiências. Atualmente, tudo
pode ser salvo, desde e-mails
sem importância, enviados
após um almoço de negócios, até discussões furiosas
on-line entre marido e mulher, salientou ele.
Não há tampouco uma forma fácil de controlar uma dependência em tecnologia. Nicholas Carr, autor do recente
livro "The Shallows: What
the Internet Is Doing to Our
Brains" (O superficial: o que
a internet está fazendo com
os nossos cérebros, em tradução livre), disse que as responsabilidades sociais e familiares, o trabalho e outras
pressões influenciam o nosso uso da tecnologia.
"Quanto mais profunda a
inserção de uma tecnologia
em nossa rotina diária, menores as escolhas de quando
e como usá-la", escreveu
Carr em uma postagem recente em um blog.
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
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