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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
OK, ou preciso dar detalhes?
IMAGINE A SITUAÇÃO: em
um voo a caminho de uma reunião importante, você atualiza
o trabalho no notebook. De repente, o avião enfrenta uma
turbulência, e um copo de suco escapa da mão da comissária e aterrissa em sua máquina. Perda total. A aeromoça
não pede desculpas, pede a
você que reconheça que o trabalho está perdido. Ao redor,
ninguém protesta.
Outra cena: no trânsito selvagem, você fecha sem querer
o carro de alguém. O motorista desce com um bastão de
beisebol, diz que vai arrebentar seu carro inteiro e pede a
você que concorde com o ato,
caso contrário ele pode dar
detalhes. Os que passam por
perto dão de ombros.
Quem se choca com cenas
desse tipo nunca deve ter usado Windows e, em momentos
cruciais, ter sido chamado de
criminoso (aquele que "realiza uma operação ilegal") e
perdido uma boa quantidade
de trabalho. Aquele que se lamenta corre o risco de ser
chamado de irresponsável
por seus colegas, vítimas da
mesma violência. Quem mandou não fazer backup?
É impressionante a quantidade de pequenas humilhações a que somos submetidos
no trato com as máquinas.
Sob a desculpa de aumentarem a produtividade, muitas
interfaces têm a arrogância
de burocratas e a deselegância de quem tem o mercado
todo para si.
O descaso é tamanho que
chega a ser normal se sentir
burro na presença daquele
que deveria ser seu assistente. Gravar arquivos e fazer
backups não é tarefa de quem
pensa, mas de quem o ajuda.
Se o programa cometeu algum erro, o problema é dele.
Ou deveria ser. Belos equipamentos da Sony, Motorola,
BlackBerry e outras muitas
vezes se comportam como jovens simplesmente lindos
que, por sê-lo, acreditam não
precisarem fazer mais nada.
O problema não é dar pau.
Todas as máquinas dão pau.
O problema é como se reage e
administra a crise. Quando o
processo é bem assimilado, é
comum perdoar. Errar é humano, mesmo que não seja
um humano que tenha cometido o erro.
O sucesso de empresas como a Apple e a Google vem
muito mais por sua predisposição em inovar, em tentar,
em revolucionar do que necessariamente em acertar.
Quando o produto é elegante
e prestativo, não é preciso
contratar vendedores técnicos e chamá-los de "evangelistas" ou de outro termo da
moda. O mercado sempre será seu maior divulgador.
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