São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Profissionais experientes têm de se adaptar às máquinas digitais

Em jogos de futebol, fotojornalista saía no meio do segundo tempo

DE SÃO PAULO

Usar câmeras digitais virou necessidade para quem lida com a urgência do fotojornalismo. Fotógrafos de experiência longeva com analógicas precisaram se adaptar.
Jorge Araújo, vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo de 1979 na categoria fotografia, iniciou a transição durante a Copa de 1994. Antes de começar a usar máquinas digitais, ele não via por inteiro os jogos de futebol que cobria.
"Saía antes para revelar a imagem. Para cada foto, a máquina transmissora demorava uns 20 minutos no processo de escanear o negativo, ampliar a imagem e enviá-la."
Para ele, as críticas à qualidade da foto digital costumam ser exageradas. "Alguns chatos dizem 'ah, o pixel não é igual ao grão!'.
Mas quem está atrás do visor não enxerga isso no processo de criação."
O fotógrafo Cristiano Mascaro, famoso especialmente por seus registros de obras arquitetônicas, relutou por muito tempo em migrar da foto analógica para a digital -fez isso só há dois anos e meio-, mas diz que a transição foi mais fácil do que imaginava.
"Pareceu quando parei de fumar. Achei que ia ser difícil, mas logo me acostumei."
Mascaro diz que as possibilidades de pós-produção oferecidas pela fotografia digital influenciam a própria fabricação das câmeras.
"Com as digitais, o fotógrafo pode errar que o Photoshop salva ele posteriormente. As lentes já são feitas com base nisso. Dá certa frustração ver fotos de arquitetura, que eu faço muito, com vigas tortas."
Outra desvantagem, para Mascaro, é o quanto se gasta. Os equipamentos, segundo ele, quebram com mais facilidade, e a necessidade de limpeza é mais frequente.
Ele também diz que há "uma paranoia de salvar". "Tenho que ter as imagens em vários HDs. Se um ladrão entrar no meu escritório, não vai levar meus negativos. Os HDs ele vai levar", afirma. (LEONARDO LUÍS)


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