São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2011

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Carência afetiva 2.0

Redes sociais exacerbam fenômeno conhecido como medo de estar perdendo algo; carentes profissionais confessam síndrome

Adams Carvalho


LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

Sabe aquela situação em que você acaba de se separar, pensa que foi melhor assim, que vocês não se entendiam mesmo?... Aí, você se prepara para passar um fim de semana introspectivo, quieto. Para por as ideias no lugar, ver como levará a vida adiante sem aquele pedaço de você que foi embora. Tudo sem dramas, bem racional.
Então, o iPhone acende e solta aquele assobio que anuncia novidades. Mensagem fresquinha.
É quando você toma consciência de que os amigos com quem vocês dois passaram os melhores momentos juntos, bem, esses amigos foram para o outro lado.
Para piorar, enquanto você está sozinho, estão todos se divertindo juntos na sua casa de praia. A sua ex-cara metade festeja entre os mais alegres e nem faz questão de disfarçar aquele sorriso de idiota feliz. E eles postam centenas de fotos da festa, na maior sem-cerimônia. "Meu mundo caiu."

MENOS VOCÊ
Sempre se sofreu de solidão, de carência afetiva. Mas para uma turma cada vez maior, parece que o Facebook, com suas relações fechadas de amigos (só se entra mediante aceitação de alguém de dentro), aumentou a percepção de exclusão do pessoal "de fora".
Com o Twitter, o Flickr e o Instagram (de troca de imagens) somam-se bilhões de atualizações por dia.
Se, por um lado, isso produziu uma imensa montanha de textos, fotos, registros de áudio e informações acessíveis on-line a milhões de curiosos, voyeurs, inimigos e até amigos; por outro, serviu para jogar na sua cara as festas, os programas legais e as reuniões em que todo mundo está se divertindo demais. Menos você.
Ninguém precisa mais de fofoca para saber que não foi convidado para uma comemoração. Está tudo nas redes sociais. É só querer achar.
Os americanos, que são bons nisso, já deram nome para o fenômeno. Chama-se "Fear of Missing Out".
Eles já falam apenas Fomo, e todo mundo entende, de tão íntimos que ficaram do conceito (o Google tem 1.030.000 entradas para a expressão). Aqui, pode-se traduzir como "medo de ficar de fora, de estar perdendo algo." Quem já entrou numa rede social sabe bem o que é essa sensação.


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