São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2011

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Queda de braço

Crescem reclamações sobre produtos eletrônicos; para empresas, é apenas reflexo do aumento das vendas

VERÔNICA COUTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O consumidor brasileiro de produtos eletrônicos está reclamando mais, não deixando barato quando os fornecedores demoram para entregar produtos ou entregam equipamentos com defeitos.
As queixas envolvendo problemas com eletroeletrônicos cresceram 18,6% em 2010, com 153,6 mil demandas registradas no Sindec (Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor), que consolida as reclamações que chegam às unidades do Procon em 23 Estados e no Distrito Federal.
O balanço completo feito pelo Sindec será divulgado no final deste mês, mas a Folha obteve com exclusividade os dados relativos à área de tecnologia. Segundo o estudo, o aparelho celular lidera as reclamações, seguido por computadores e produtos de informática. As empresas com mais reclamações são Samsung e LG, seguidas pela Nokia.
Além de buscarem as agências do Procon, os consumidores recorrem às redes sociais, gravam vídeos contando suas dificuldades, descrevem seus casos em sites especializados. Eles estão comprando mais, o que é uma das explicações dadas pelos fabricantes para o aumento das chamadas técnicas.
O desempenho do setor de eletrônicos nas demandas colhidas pelo Sindec acendeu "uma luz de advertência para todo mundo", afirma Juliana Pereira, diretora do DPDC (Departamento de Proteção de Defesa do Consumidor), órgão do Ministério da Justiça.
"Da mesma forma que oferece a possibilidade de maior acesso aos bens eletrônicos, o mercado tem de garantir uma rede de pós-venda para o consumidor."
No ano passado, o faturamento dos fabricantes de produtos de informática foi 13% maior do que em 2009; mas o dos fornecedores de celulares, principal alvo das críticas, caiu 2%, segundo dados da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

FALTA INVESTIMENTO
O diagnóstico inicial do DPDC é que a expansão da base de consumo não foi acompanhada por um investimento equivalente das empresas em atendimento, assistência técnica e suporte.
"Há empresas que vendem no Brasil inteiro, mas só têm 11 assistências técnicas autorizadas", diz a titular do DPDC. Segundo ela, em 80% dos casos registrados, os usuários procuraram a empresa, antes de irem ao Procon.
"É bastante crítico quando o consumidor precisa enfrentar uma fila e procurar um órgão de defesa por conta de uma intermitência do televisor ou de um display que não funciona", afirma.


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