São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 2011

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Evento nos EUA reúne 'tribo' dos desenvolvedores

5.000 programadores de aplicativos se encontram no Build, da Microsoft; homens ainda dominam carreira

FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A ANAHEIM, CALIFÓRNIA

Uma folha de papel colada na porta avisa que o banheiro das meninas é, agora, mais um dos meninos. Ainda assim, há fila de homens para entrar, e as pouquíssimas mulheres que chegam ficam a ver navios.
Bem-vindo! Você está na festa de encerramento do Build, evento da Microsoft que aconteceu na semana passada, voltado a 5.000 desenvolvedores de software.
O domínio masculino da profissão continua existindo, ainda que o estereótipo do nerd gordinho de óculos escrevendo códigos noite adentro pareça coisa do passado.
Mas não um passado muito distante, como no caso do americano Ron Penton, 31, que cria programas de web para instituições de ensino e que perdeu 46 quilos no último ano. Ele trocou o refrigerante por água e tenta sempre comer saladas.
"Dizem que somos pouco sociais, é um pouco verdade. Veja só a cafeteria na hora do almoço: ninguém senta com estranhos, todos procuram uma mesa vazia", disse Ron, desenvolver sênior de uma empresa em Nova York, sobre o espaço montado do centro de convenções.
Ron tem como ídolo Scott Guthrie, vice-presidente da divisão de desenvolvedores da Microsoft, e diz que uma das chatices da profissão é ficar sentado o tempo todo. "Pelo menos na empresa em que trabalho compraram umas cadeiras realmente fora de série, de uns US$ 800 [R$ 1.300] cada", disse.
Para o australiano Lee Tran, 51, que escreve códigos há 20 anos, a melhor parte do seu trabalho é chegar em casa e mostrar o resultado para sua família, rodando perfeitamente. "É a satisfação pessoal, amo fazer isso", disse Lee, vestido de bermuda rosa e óculos escuros.
Ele tem uma empresa com centenas de funcionários em várias partes dos EUA e do mundo, que criam aplicativos de comércio eletrônico. Há duas décadas, eram ele e dois colegas.
"Neste mercado você fica obsoleto rápido. É preciso se manter informado. Colegas que se formaram comigo estão desempregados por causa disso", disse Lee, pai de uma garota de 18 anos que não pretende seguir a profissão. "Ela não acha nada legal. E a mãe é contra."
A americana Karen Thayer, 34, pensa o contrário e quer entrar no clube do bolinha.
Engenheira da HP, ela pediu transferência para a divisão de desenvolvimento de software. "No geral, mulheres são mais interessadas em atividades com interação humana", disse. "Mas, criar apps está cada vez mais fácil. Você escreve uns códigos e tem potencial de atingir muita gente e ganhar dinheiro."

A repórter FERNANDA EZABELLA se hospedou a convite da Microsoft



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