São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2011

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ANDRÉ CONTI

Quando o computador vai embora


Seria mais prático comprar em um site, mas eu lá sei se eles consultaram fóruns? Se falaram com meus amigos?

SENTI QUE meu computador andava fraco nas últimas semanas. Aqueles sintomas clássicos da ruína eletrônica: demorando mais para ligar, fazendo uns barulhos e tremelicando. Até que outro dia ele deu uma tosse de tísico e apagou.
Quando você precisa de lanterna e caixa de ferramentas para mexer no computador, as coisas não vão bem. Mas acabamos nos entendendo e ele voltou à vida, ainda que debilitado. Durou rigorosos três dias.
A primeira coisa a quebrar foi a placa de som, ou pelo menos é o que imagino, pois desinstalei os drivers, apaguei a placa do temido "gerenciador de hardware", tirei-a do PC, limpei com álcool de farmácia, pus de volta, reinstalei tudo e, claro, mudez absoluta.
Fingi que nada estava acontecendo. Quem precisa de música? Vídeos do YouTube? Na minha época a internet não tinha som, era em preto e branco e coisa e tal. Mas o teclado eu uso, e, quando ele começou a falhar, não me dei por vencido. Depois de um longo cambalacho envolvendo extensões e um antigo adaptador USB que estava no armário, eu já podia digitar outra vez. Toma essa.
Eu sei que ele não fez conscientemente para me provocar, mas 15 minutos depois o PC voltou a agir como se estivesse possuído, negando acesso a arquivos e rindo sarcasticamente. A mensagem era clara: não continuarei vivo por muito tempo, salve o que puder.
Esgotadas todas as opções --formatar o disco, reinstalar o sistema, limpar os componentes, bater na madeira antes de ligar--, só me restou comprar outro PC. Um longo e complicado drama.
Gosto de montar o computador escolhendo peça a peça, mas é preciso pesquisar em fóruns e sites especializados quais componentes combinam melhor. Mal consigo escolher o jantar, quanto mais entre dezenas de placas e marcas, em meio a opiniões dissonantes e proselitismo digital.
Recorri aos amigos. Todos, de forma unânime e por razões diferentes, tripudiaram da máquina que eu estava planejando. A fonte não prestava, onde já se viu essa placa mãe, quantas ventoinhas? Mais risadas sarcásticas.
Mas é uma decisão importante mesmo, e um computador mal montado é um fardo que pode durar anos e destruir vidas. Claro que seria prático comprar um PC pronto, de algum site, e receber em 24 horas. Mas e eu lá sei se eles consultaram fóruns e sites especializados? Se falaram com meus amigos?
Por conta da velocidade em que novos componentes são lançados, é comum que duas ou mais gerações de hardware de uma mesma marca convivam por um tempo no mercado. É quando os modelos de ponta da última geração ficam baratos e os lançamentos, embora apresentem melhoras, ainda estão caros.
O componente mais barato está no auge do ciclo, passou por todas as melhoras possíveis e as placas e acessórios compatíveis com ele ainda estão disponíveis. Já o último modelo traz melhoras (que nem sempre justificam o preço) e aceita as peças mais modernas, ou seja, vai durar mais. É praticamente impossível decidir.
Acabei pegando o modelo mais novo, porque esquenta menos, na falta de um critério melhor. Sem problemas, daqui a três anos começa tudo de novo.

@andre_conti

chorume.org


LULI RADFAHRER
Leia a coluna desta semana em www.folha.com/luliradfahrer


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