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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
O futuro do grátis
HÁ MOMENTOS em que é difícil imaginar, hoje que boa
parte da informação consumida é gratuita, que nem
sempre foi assim. Fala-se tanto das mídias sociais que fica
ainda mais difícil pensar que
essa época de riqueza e relevância de conteúdo gratuito
está para acabar.
Não pela riqueza, nem pelo
gratuito, mas por sua relevância. O motivo é óbvio: à medida que a internet se populariza e, com ela, dá voz a multidões, o ambiente on-line fica
cada vez mais parecido com o
mundo "lá fora", em que todo
mundo tem uma opinião para
dar a respeito de qualquer
coisa. O difícil é saber a quem
escutar.
No princípio da internet comercial, a informação disponível era pouca, muitas vezes
restrita a bases de dados fechadas ou escritas em linguagem técnica. O surgimento
dos portais trouxe mais conteúdo para a rede e consolidou sua relevância. Até o começo do século, uma consulta ao Google e ao computador
de uma boa biblioteca só
eram diferentes em escala.
Daí veio a web 2.0. Com
ela, o Flickr, os blogs, a Wikipédia e tantos outros serviços
multiplicaram a informação
gerada pelos fóruns. A biblioteca foi para a rua, e ninguém
tinha dúvidas que colocar a liberdade de expressão em
prática era muito bom.
O movimento só tinha um
problema que poucos quiseram ver: o da qualidade da
informação. Os primeiros
usuários a alimentar a internet pertenciam a uma elite
cultural, postar conteúdo não
era fácil e era caro. Com esse
filtro de entrada, fica fácil entender por que no começo a
busca era relevante, mesmo
que não gerasse muitos resultados.
Hoje já não é tão simples.
Se o fosse, não existiria a profissão de "marketing de mecanismos de busca". Não
acredito que demore a chegar
o dia em que o custo da busca
-em horas, em erros, em riscos- se torne insuportável.
Por mais que a informação
esteja disponível e gratuita, o
esforço para procurar pela
fonte "correta" vai ser tamanho que provavelmente não
valerá a pena.
É uma ironia: pelo excesso
de informação, voltaremos
aos tempos em que ficávamos
no escuro por falta dela.
A imprensa que sobreviver
às pragas dos apocalípticos
vai ressurgir, revigorada, como curadora de conteúdo.
Seu valor, como o dos professores e autores de livros, não
estará mais na novidade da
informação, mas em sua experiência.
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