São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2010

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#PRONTOFALEI

LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br

E-mail não é mais a mensagem

ENQUANTO MUITOS pregam a substituição das mídias tradicionais pelas eletrônicas, poucos se dão conta de que esse darwinismo digital não se restringe às formas centenárias de comunicação. O e-mail, que já foi a única mensagem digital, hoje caminha rapidamente para a aposentadoria.
Surgido na década de 1960 (sim, ele é bem mais velho do que a web), o e-mail foi apresentado como um correio rápido e seguro. De lá para cá, ele mudou pouquíssimo. É certo que nunca sofreu a humilhação de ser passado para trás por um 2.0 qualquer, mas entrou na decadência típica de quem acredita que o que é popular é intocável. Afinal de contas o webmail, sua única real evolução, só mudou o suporte da velha carta com arrobas.
Enquanto isso a inovação corria impiedosa. No final dos anos 90 o ICQ deu o primeiro golpe sério. Uma forma de comunicação instantânea que permitia saber quem estava on-line parecia na época um luxo, bobagem nerd. Mas fazia sentido e, por isso, mesmo com soluções tortas como a de usar número para identificação, a ideia pegou.
Mais ou menos na mesma época surgiram as mensagens de texto por celular. Era estranho escrever 88826666 7777025556666222222222222 22777 para convidar alguém para almoçar, mas a mobilidade compensava. O SMS mostrou para muitos que a troca de mensagens não dependia mais dos PCs.
E nem de texto: com a banda larga, ninguém precisava mais traduzir tons de voz em emoticons quando podia simplesmente falar.
Enquanto a tecnologia VoIP não substitui de vez as linhas telefônicas, ela certamente diminui a necessidade de trocar longas mensagens de texto pela rede.
A lista não tem fim. Facebook, Twitter, Formspring, Orkut, Foursquare e tantos outros ambientes de conversas rápidas, diretas e móveis aos poucos transformam o e-mail em um mastodonte burocrático e obsoleto. E mostram como o ambiente digital, por mais que pareça sólido, muitas vezes se desmancha no ar.
O fim não está próximo, ainda se usa muito e-mail. A maior parte dele para o envio de comprovantes e documentos, como ainda tem quem mande fax, e, claro, para a propaganda indesejada. Quem diria que burocratas, advogados, bancos e publicitários seriam os defensores do legado daquele que um dia foi o sinal da liberdade de expressão na Internet?


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