São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Sra. Facebook

Randi Zuckerberg, polêmica irmã do criador do Facebook, se demitiu da rede social, fundou a própria empresa e quer ser apresentadora

LAURA M. HOLSON

DO "NEW YORK TIMES"

"Quem quer uma dose de tequila?", gritou Randi Zuckerberg por sobre o ruído de "Baby One More Time", o tema de Britney Spears para um fim de relacionamento.
Era quase meia-noite, uma quarta-feira chuvosa de setembro, e convidados de Randi Zuckerberg, irmã mais velha do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, lotavam uma sala do Japas 38, clube de karaokê de Manhattan.
Os convidados aplaudiram quando a anfitriã ergueu uma garrafa de tequila e percorreu as mesas, servindo doses.
O aroma era de cerveja chocha e molho shoyu. Depois que o sal foi lambido, os copos de plástico virados e as fatias de limão espremidas, ela interpretou uma versão feroz de "I Will Survive".
Em agosto, Randi, 29, deixou seu emprego na diretoria de marketing do Facebook. No início do projeto, era presença constante e representava o irmão reticente nos contatos com a imprensa. Depois, ganhou atenção (nem sempre positiva) como cantora de uma banda que tocava em eventos da empresa.
Foi dela a ideia do Facebook Live, canal de vídeo do site que, entre outras coisas, entrevistou Barack Obama.
Agora ela fundou a RtoZ Media, empresa para ajudar companhias a aproveitar a mídia social. "Esta é a festa de lançamento de Randi Zuckerberg", disse no karaokê.
Randi vive numa casa alugada em Palo Alto, Califórnia, e suas ambições vão além da internet. "Quero apresentar um programa de entrevistas", ela contou, em entrevista num hotel em Nova York.
Três semanas após a noitada no karaokê, ela palestrou em conferência patrocinada pela Bolsa de Nova York. E o espólio de Michael Jackson a contratou para apresentar um programa on-line na página do astro no Facebook.
"Todos os artigos até hoje me descrevem como Randi, a irmã de Mark. Espero que um dia as pessoas tenham algo mais a dizer sobre mim."

MAIS SOBRE ELA
Randi nasceu em 1982 e passou a infância em Dobbs Ferry, a 40 minutos de Manhattan. É dois anos mais velha que Mark, e os dois têm mais duas irmãs, mais jovens.
Quando menina, estudou piano, mas o que queria mesmo era cantar. Matriculou-se na Universidade Harvard em 1999 e estudou psicologia depois de ser recusada pelo departamento de música. Mas continuou a cantar, sob o pseudônimo Randi Jayne.
Ela se formou em 2003 e foi para Nova York trabalhar numa agência de publicidade. Em 2004 se tornou assistente de produção do programa "Forbes on Fox". Em 2005, Mark, que já trocara Harvard por Palo Alto, a contratou.
Em 2008, ela se casou com Brent Tworetzky, executivo do Chegg.com, serviço de locação de livros, e os dois têm um filho de cinco meses, Asher. Em sua despedida de solteira, uma amiga divulgou um vídeo que mostrava Randi rebolando com maiô branco à beira da piscina, dublando a canção "Chapel of Love".
Ela diz que o irmão nunca tocou nesse assunto, mas expressou sua ira por um vídeo que ela postou em maio de 2009, no qual discutia a recepção menos que calorosa ao Facebook na convenção nacional dos republicanos.
A despeito desses tropeços, Randi atuou em muitos projetos de mídia e políticos ambiciosos para o Facebook.
Em janeiro de 2009, a empresa e a CNN formaram uma parceria, e o discurso de posse de Obama foi transmitido ao vivo via Facebook. Randi foi indicada ao Emmy pela série "Vote 2010", da rede de TV ABC, que permitia aos usuários do serviço acompanhar a cobertura das eleições do ano passado na rede social.

FRUSTRAÇÃO
No começo deste ano, ela diz ter começado a perceber que muitos dos projetos que propunha estavam sendo entregues a outras equipes para que os administrassem, sem a sua anuência. "Isso foi um pouco frustrante", conta, e acrescenta que não discutiu a situação com o irmão.
À medida que o Facebook se tornava mais burocrático, o espaço para ela diminuía. "Para mim, manter a discrição sempre foi muito difícil."
Por isso ela pediu demissão. Recentemente, aconselhou Arielle, irmã mais nova, que trabalha para a empresa de software Wildfire Interactive, a não trabalhar para o Facebook antes de estabelecer reputação própria.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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