São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Notebooks vivem era de ouro no Brasil

Vendas de computadores portáteis cresceram mais de dez vezes entre 2006 e 2010 e já superam as de desktops

Brasil deve se tornar em breve o terceiro maior mercado do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos

JOÃO PAULO NUCCI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mercado de notebooks vive uma era de ouro no Brasil.
Entre 2006 e 2010, as vendas de computadores portáteis cresceram mais de dez vezes. Desde o ano passado, já se vendem mais notebooks do que máquinas de mesa no país --7,15 milhões de unidades, ante 6,85 milhões de desktops em 2010, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Para 2011, os analistas esperam um crescimento superior a 30% sobre o volume do ano passado. Se confirmadas as previsões, o Brasil será em breve o terceiro maior mercado de notebooks do mundo --atrás apenas de China e Estados Unidos.
Hoje é possível encontrar máquinas em oferta por R$ 999 à vista nas redes de varejo de apelo popular. Situação bem diferente de até cinco anos atrás, quando notebooks eram restritos a executivos e a consumidores de alto poder aquisitivo.
"O notebook hoje está no topo da lista de objeto de desejo das classes emergentes", diz Adriana Flores, diretora de desenvolvimento de produtos da Positivo Informática. "O mercado nunca esteve tão favorável e não há nada no horizonte que aponte uma mudança de rumo."
Uma combinação de fatores positivos levou a indústria a um ciclo inédito de expansão. Com a estabilidade da economia, os consumidores ganharam poder de compra e, ao mesmo tempo, ampliaram sua experiência no uso da tecnologia, principalmente na segunda metade dos anos 2000.
"O primeiro computador das famílias foi um desktop que ficava na sala e era compartilhado por todos", diz Denise Pereira, gerente de marketing de consumo da Intel. "Hoje, mesmo na classe C, cada membro da família quer ter o seu próprio notebook, que garante a privacidade e ainda é um símbolo de status."

CONSUMIDOR FINAL
De dois anos para cá, empresas importantes como Sony, Samsung, Lenovo e Itautec, entre outras, se reorganizaram para atingir diretamente o consumidor final.
Alguns fabricantes chegam a manter mais de 20 tipos de notebooks em oferta simultaneamente. As linhas de produtos, que antes ficavam pelo menos um ano na prateleira, têm sido trocadas a cada trimestre em alguns casos.
A grande guerra entre os fabricantes está nas máquinas que custam até R$ 1.300 --segmento que representa cerca de 70% das vendas. Mas há produtos com apelo dirigido para todo tipo de perfil: adolescentes, mulheres, pequenos empresários, gamers.
"O grande crescimento, é claro, está nos modelos de entrada. Mas os produtos de alto padrão também têm avançado bastante", diz o diretor de marketing para notebooks da Sony, Willen Puccinelli. A empresa japonesa oferece 14 modelos no Brasil, com valores para o consumidor final entre R$ 1.600 e R$ 10 mil.
O resultado do aumento da competição é que os preços das máquinas portáteis caíram entre 20% e 30% nos últimos 12 meses --o dólar em baixa, claro, também contribuiu para a queda nos preços. A diferença que existia em relação aos desktops, que era bastante significativa, foi aos poucos diminuindo. Hoje, é praticamente inexistente.
"O interesse dos fabricantes multinacionais pelo país fez os preços caírem", diz Raphael Vasquez, analista sênior da consultoria Gartner.
A crise nos mercados desenvolvidos (EUA e Europa) só fez aumentar o apetite dos gigantes multinacionais pelo mercado local.
O varejo faz sua parte e não economiza nas ofertas e promoções. Antes restrito às lojas especializadas, os notebooks invadiram os supermercados e as redes varejistas de eletroeletrônicos como Casas Bahia, Magazine Luiza e Fast Shop.
O crédito, a despeito das altas de taxas de juros brasileiras, é abundante para o consumidor. Cerca de 90% das vendas são parceladas, segundo os fabricantes.
"Quem está impulsionando as vendas é mesmo o mercado doméstico. Hoje há uma oferta enorme de produtos e uma facilidade grande de obtenção de crédito no varejo", diz Martim Juacida, analista da consultoria IDC.

POTENCIAL
A baixa penetração de computadores nos lares brasileiros --ainda na faixa dos 40%-- é apontada pelos executivos e analistas ouvidos pela Folha como uma garantia de que ainda há muito mercado a ser explorado no país.
"É um trunfo que temos em relação aos mercados desenvolvidos", diz Luiz Mascarenhas, diretor de produtos de consumo da HP.
Os executivos e analistas são também unânimes em afirmar que apenas uma crise macroeconômica que atinja em cheio o poder do compra da classe média brasileira poderia reverter as expectativas.
Se o Brasil continuar passando ao largo da crise financeira global, não há o que detenha o avanço dos notebooks em direção aos lares brasileiros.


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.