São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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No momento em que Steve Jobs sai de cena, estudiosos avaliam que a massificação é o futuro da tecnologia

RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON

A saída de Steve Jobs do comando da Apple é o símbolo da transição pela qual passa a tecnologia da informação.
Para estudiosos da área, a corrida para produzir e vender conteúdo digital -da qual Jobs é o principal expoente- toma um rumo diferente. Encerrada a era da digitalização de textos, sons e imagens, o novo caminho pede uma disseminação maior dessas informações.
É o que defende o professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) Nicholas Negroponte. Para ele, o desafio inclui levar a tecnologia a quem ainda não a tem -de um simples PC com acesso à internet aos mais modernos smartphones.
Jean Paul Jacob, pesquisador emérito da IBM, também defende essa tese e vincula a popularização a produtos mais "pessoais". "Uma coisa com a qual todos os futuristas concordam chama-se 'massificação com personalização'", argumenta Jacob.
"Você massifica a produção de algo, para baratear, mas cada receptor do produto pode personalizá-lo", conclui o futurista da IBM.
Segundo Negroponte, esse contexto de disseminação requer um tipo de pensamento diferente, mas que ainda dará destaque ao design, uma das obsessões de Jobs.
"Mas não é só questão de ter designers projetando coisas bonitas, como o iPhone e o iPad", disse Negroponte, em um debate no MIT.
"O que é importante é usar o ponto de vista do designer como estratégia. Diferentemente dos engenheiros, que têm a visão voltada para a solução de problemas existentes, o designer precisa ver as coisas tentando elaborar novas perguntas."

SENSO DE OPORTUNIDADE
Dan Bricklin, criador do software que turbinou as vendas do primeiro computador pessoal de sucesso da história, concorda que empresários com essa visão -e com senso de oportunidade- serão favorecidos.
"Pense nas mídias sociais", disse o programador à Folha. "Quem imaginou que uma coisa tão simples como o Twitter, por exemplo, iria permear a sociedade de maneira tão intensa?"
Bricklin viveu momento de transição semelhante ao lado da Apple, em 1978, quando Jobs ainda se perguntava se o computador pessoal seria um negócio viável.
O programador criou para o Apple II o software Visicalc -a primeira planilha de cálculo-, que tornou o micro um sucesso em escritórios e fez a computação pessoal decolar de vez. Para ele, Jobs está deixando a Apple na trilha certa para encarar o futuro.
"Uma das coisas nas quais o iPad está sendo pioneiro é em estimular a produção de aplicativos baratos", diz. "Mas ainda é difícil saber até onde esse tipo de software vai conseguir chegar", acrescenta o pesquisador americano.

Colaborou EMERSON KIMURA, de São Paulo.



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