São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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ANDRÉ CONTI

Minhas heroínas


Carol Shaw programou o clássico River Raid, de Atari. Dona Bailey programou Centipede. E tantas outras


Engana-se quem pensa que os jogos eletrônicos são uma atividade masculina. Segundo a Entertainment Software Association, as mulheres já são 42% dos jogadores, o que não é de causar espanto, já que elas não apenas sempre jogaram como também participaram do nascimento da indústria.
Carol Shaw programou o clássico River Raid, de Atari. Dona Bailey programou Centipede, estouro de vendas do Atari. Carla Meninsky fez Warlords, um dos meus fliperamas favoritos. E tantas outras.
A mais importante criadora de jogos foi sem dúvida Roberta Williams. Junto com o marido, Ken Williams, ela fundou a On-Line Systems, que depois mudou de nome para Sierra On-Line. Em 1980, o casal criou Mistery House, o primeiro adventure com gráficos da história.
Embora o jogador precisasse inserir os comandos por texto, Mistery House foi um sucesso imediato, e vendeu 15 mil cópias. Quatro anos depois, ela criou a série King's Quest, um adventure de fantasia que vendeu milhares de cópias e foi um dos grandes sucessos de sua época.
Junto com a Lucas Arts, a Sierra On-Line foi a maior responsável pela popularização dos adventures, que tiveram quase duas décadas de glória. A série King's Quest teve oito jogos, sendo que o sexto é considerado até hoje um dos modelos do gênero.
King's Quest 6 também é o maior jogo da série, com dezenas de cenários a serem explorados, e Roberta Williams recrutou a escritora e programadora Jane Jensen para trabalhar com ela no projeto. Jensen havia colaborado em alguns jogos da casa, e deu a KQ6 o toque soturno e o humor negro que fizeram tanta diferença em relação aos capítulos anteriores.
Com o sucesso de KQ6, Jensen ganhou uma série própria, e foi criar o perturbador Gabriel Knight: Sins of the Fathers. Lançado em 1993, Gabriel Knight era um adventure adulto, tão difícil quanto sombrio. O protagonista era um escritor cínico e mulherengo, que se envolvia na investigação de uma série de assassinatos macabros, numa trama que não deixava a dever para um bom romance policial.
Jensen fez mais dois jogos com Gabriel Knight, os ótimos The Beast Within e Blood of the Sacred, Blood of the Damned. Lançados em uma época em que os adventures já não eram mais tão populares, tiveram vendas baixas e acabaram ajudando a sepultar o gênero por uns bons anos. Ou pelo menos a transformá-lo num nicho. Roberta Williams ainda trabalhou em Phantasmagoria e Shivers. Depois do imenso fracasso de King's Quest 8, em 1998, ela se aposentou e não escreve mais jogos. Jane Jensen virou romancista e recentemente lançou Gray Matter, uma espécie de Gabriel Knight diet que não foi a grande volta dela aos jogos que todos esperavam.
Em fevereiro, a Telltale Games, empresa que vem revitalizando o gênero com o relançamento de grandes franquias como Sam & Max e Monkey Island, anunciou que voltaria a lançar a série King's Quest. É improvável que Williams e Jensen se envolvam no projeto, mas, para nossa sorte, o estrago já está feito.
Quase todos os jogos mencionados aqui estão no site gog.com.

chorume.org
@andre_conti

LULI RADFAHRER
Leia a coluna desta semana em
www.folha.com/luliradfahrer




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