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Passarinhando em Ubatuba

Tiês, beija-flores, saíras... Começa agora a melhor época para fazer observação de aves, ou "birdwatching", no litoral paulista

MICHAEL KEPP ESPECIAL PARA A FOLHA

Outro dia, em Ubatuba, eu me hospedei numa pousada a 50 metros da praia, mas não cheguei a ver o mar. O objetivo de minha viagem era outro: observar aves.

Ubatuba, no litoral paulista, é uma cidade ideal para "passarinhar". Ela é cercada por uma das maiores áreas intactas de mata atlântica, bioma que possui a segunda maior variedade de aves do Brasil (mais de 750 espécies), depois da Amazônia. Fica ao pé da serra do Mar, cujas muitas altitudes abrigam várias espécies de pássaros.

A melhor época para observar aves em Ubatuba é agora: entre meados de setembro, quando elas começam a acasalar e construir ninhos, e meados de outubro, quando a mudança no clima confere à cidade seu apelido de "Ubachuva".

Para observar as aves, você precisa de um guia que conheça seus hábitos e habitats e use o playback (leia mais à direita) de seus cantos para atraí-las. Binóculos, que os guias podem fornecer, também são imprescindíveis, porque muitas aves são tão pequenas, ariscas ou distantes que o olho nu não basta.

Meu guia me levou principalmente para reservas particulares, abertas à visitação mediante o pagamento de uma taxa e com trilhas que conduzem à mata intacta.

Começamos em Folha Seca, um sítio a 15 km do centro de Ubatuba. Em vez de dinheiro, seu dono, Jonas, aceita bananas para suprir seus comedouros para aves. Levamos uma dúzia delas. Mamões também são bem-vindos.

Os muitos bebedouros do sítio atraem inúmeros beija-flores (de 15 variedades) que voam em volta, qual enxames de abelhas. Meu favorito foi um besourinho-da-mata, do tamanho do meu dedo mindinho, que pairou perto de minha mão estendida para protegê-lo contra seus concorrentes maiores.

Numa trilha da fazenda Angelim (R$ 10 o ingresso), a cinco quilômetros do centro da cidade, vimos uma viuvinha, ave preta com boné branco e cauda fina e comprida. Também identificamos por lá um anambeizinho, com cauda tão quadrada e curta que a impressão é que ficou faltando a maior parte.

No dia seguinte, fomos à Reserva Guainumbi (R$ 60 a entrada, com direito a pernoite em chalé), a 18 km do centro, subindo 850 metros da serra do Mar. Seus comedouros atraem saíras, sanhaços e tiês de tantas tonalidades que a árvore em que eles ficavam parecia estar enfeitada para o Natal.

Nessa reserva, vimos um pica-pau-rei, com seu clássico topete vermelho, e um surucuá-variado, ave grande, com cabeça azul escura, quase preta, e peito vermelho-alaranjado, que só é encontrada em altitudes maiores.

No dia seguinte, numa encosta do Corcovado, um pico alto da serra, avistamos um tangará, ave azul celeste com detalhes pretos nas asas e na cabeça, e "boné" vermelho.

O tangará é a ave-símbolo de Ubatuba, embora a gai- vota possa parecer uma escolha mais apropriada. Afinal, a cidade promove suas praias, não seus pássaros. Assim, a maioria dos turistas não faz ideia de que esse balneário tem mais a oferecer que conjunturas idílicas de areia e água.

Como disse Mario Quintana, "eles passarão... eu passarinho".


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