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Turismo

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Na rota da fumaça

Jamaica oferece tours da maconha, com direito à degustação, para os visitantes apreciadores da cannabis Jamaica oferece versão dos tours de vinho para apreciadores da maconha

DAVID MCFADDEN DA ASSOCIATED PRESS, NA JAMAICA

As regiões de Napa e Sonoma, na Califórnia, oferecem viagens a vinícolas, e turistas vão à Escócia para experimentar seus refinados uísques. Na Jamaica, os agricultores estão oferecendo uma viagem diferente, para um tipo específico de apreciador.

Podemos chamá-las de "tours da maconha": viagens nebulosas, místicas --e tecnicamente ilegais-- a algumas das plantações de cãnabis ocultas na ilha, nas quais os turistas podem experimentar variedades de maconha como "purple kush" e "pineapple skunk".

As viagens passam por lugares como Nine Mile, o vilarejo onde nasceu a lenda do reggae, Bob Marley. Nas verdejantes montanhas do centro da Jamaica, homens de "dreadlock" escoltam visitantes curiosos a uma fazenda cheia de pés de maconha.

Viagens semelhantes são oferecidas a Negril, cidade turística no oeste do país.

"Esta aqui é a "sinsemilla" [sem semente] original, a favorita de Bob Marley. E esta é a "chocolate skunk". "Especial para as damas", diz o plantador de maconha, conhecido pelo apelido Breezy, ao repórter, demonstrando diversas variedades em sua plantação.

Embora as campanhas pela legalização da maconha tenham conquistado grandes vitórias em lugares como o Colorado, o Estado de Washington e o Uruguai, a planta continua ilegal na Jamaica, onde é popularmente conhecida como "ganja".

Há quem deseje ver uma mudança nessa situação, e os proponentes da legalização afirmam com convicção cada vez maior que a economia em crise da Jamaica poderia ser estimulada se as autoridades explorassem o fato de que o país é quase tão famoso por sua maconha quanto por suas praias, pelo reggae e pelos atletas recordistas nas provas de velocidade.

Embora onipresente, a maconha está proibida na ilha desde 1913. As safras ilícitas estão em queda desde os anos 70, devido ao aumento da concorrência internacional e à guerra contra as drogas liderada pelos Estados Unidos. Ainda assim, a Jamaica é a maior fornecedora caribenha de maconha aos Estados Unidos, e os turistas muitas vezes não precisam passar do saguão do hotel quando buscam assistência para comprá-la.

"Já existe um forte turismo da maconha na Jamaica", diz Chris Simunek, editor-chefe da revista "High Times", de Nova York.

Em Nine Mile, Breezy diz que americanos, alemães e russos em número cada vez maior costumam visitar sua pequena plantação e experimentar amostras.

Na manhã de minha visita, não apareceram interessados para a turnê de US$ 50 (cerca de R$ 113), entre os dois ônibus de turistas chegados à ilha em cruzeiros e levados a conhecer a casa de infância de Marley. Mas cerca de uma dúzia deles formaram fila para comprar maconha de amigos de Breezy, vendida por um buraco no muro do local.

"Fumo em casa, mas há algo de especial em fumar maconha na Jamaica. Poxa, essa é a maconha que inspirou Bob Marley", diz Angie, 26, uma turista de Minnesota que não revelou seu sobrenome.

Um guia on-line de turismo chamado Jamaicamax promete organizar excursões para conhecer a maconha da região de Negril. Mas com um alerta: você primeiro precisa "fumar um" com o guia, presumivelmente para provar que não é policial.

"Depois de fumar um cigarrinho com a gente, e de nos conhecermos, nós o levaremos nas melhores viagens de maconha da Jamaica, e você poderá fumar (ou comer, se preferir) tanta maconha que logo estará conversando com Bob Marley", o site promete.

Henry Lowe, renomado cientista jamaicano que ajudou a desenvolver um medicamento com base em cãnabis para o tratamento do glaucoma, nos anos 80, espera um outro tipo de turismo ligado à droga: "As pessoas poderiam vir à Jamaica para tratamentos com maconha medicinal e turismo de saúde, porque essa é nossa tradição, nossa cultura".


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