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Palestinos querem usar conflito para atrair turista

Objetivo é também conquistar apoio à luta palestina contra a ocupação

Quem visita o território busca não só os sítios históricos e religiosos, mas, ainda, a complexa realidade política local

DE JERUSALÉM

Turismo na Palestina? Pode parecer uma ideia arriscada para quem se habituou a associar os territórios palestinos a imagens de violência e do conflito com Israel.

Mas cada vez mais turistas se aventuraram a conhecer de perto a realidade palestina, não apenas os sítios históricos e religiosos, mas a complexa realidade política de uma área sob ocupação.

Diante do crescente interesse dos visitantes pelo conflito, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) decidiu transformar os amargos limões da ocupação israelense em uma limonada.

O objetivo é duplo: usar imagens famosas do conflito, como as barreiras militares e o muro de separação, como atrações turísticas, e também conquistar o apoio dos visitantes à luta palestina contra a ocupação.

É o que Kholoud Daibes, a ministra palestina do Turismo, chama de "turismo de experiência".

"Queremos encorajar o turista a não apenas conhecer os locais religiosos e históricos, como Belém, Jerusalém, Hebron e Jericó, mas que também tenha a experiência da difícil situação política da Palestina", disse à Folha.

Depois de viver dias difíceis após a segunda intifada (revolta palestina), em 2000, o turismo palestino se recuperou e termina o ano com o número recorde de quase 2 milhões de visitantes, 5% a mais que em 2010.

Rússia, Itália e EUA são os países que mais enviam turistas à Palestina, mas o Brasil já aparece entre os dez primeiros. A estimativa do governo palestino é que 40 mil brasileiros tenham visitado a Palestina neste ano.

Pesquisas mostram que para 80% dos turistas, o maior interesse é a peregrinação a santuários religiosos. A campeã de visitas é Belém, cidade da basílica da Natividade, onde, segundo a tradição cristã, Jesus teria nascido.

Mas muitos querem conhecer mais de perto a história moderna dos territórios palestinos, que é inseparável do conflito com Israel.

Para chegar a Belém, por exemplo, os turistas passam por uma barreira militar e pelo muro de separação erguido por Israel, que tornou-se um dos mais famosos símbolos da ocupação.

"O interesse pelo conflito é cada vez maior. Por isso organizamos passeios explicativos ao muro e também encontros com líderes palestinos e até com colonos judeus", conta o guia George Rishmawi, que promove o que os palestinos chamam de "turismo alternativo".

(MARCELO NINIO)

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