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Turismo

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Dormindo com o inimigo

Percevejos de cama preocupam hotéis e turistas; na Suíça, surto e prevenção ao inseto serão centro de debate

LIVIA SCATENA DE SÃO PAULO

Eles são capazes de atravessar um oceano escondidos em uma mala e tomar conta da sua casa --tudo isso com 7 mm de comprimento.

O percevejo de cama ficou muito tempo praticamente sumido. A partir dos anos 1950, graças à melhora das condições sanitárias e sociais e à utilização de inseticidas capazes de controlar diferentes espécies de insetos, como barbeiro e pulga, por exemplo, em larga escala, o bicho acabou ficando restrito às áreas mais pobres.

Nos últimos 20 anos, no entanto, ele voltou a aparecer, primeiramente nos países mais desenvolvidos e, mais recentemente, no Brasil. O tema está tão em voga que a conferência internacional sobre pestes urbanas, que acontece no fim deste mês em Zurique (Suíça), vai colocar surto e prevenção ao percevejo no centro do debate.

O turismo e o aumento do número de viagens internacionais nas duas últimas décadas contribuíram para que o inseto voltasse a se espalhar pelo mundo (entre 2003 e 2012, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram ao exterior foi de 2,36 milhões de turistas para 8,12 milhões), pois tanto o percevejo quanto os ovos do inseto "viajam" com o turista, nas malas.

E, por esse motivo, o inseto acaba sendo mais frequentemente encontrado em locais com alta taxa de rotatividade de ocupantes, como hotéis e albergues.

Rodrigo Barreto da Silva, 29, de Brasília, se deparou com o bicho ao se hospedar no Bamboo Rio Hostel, há dois anos, na capital fluminense. "Eu vi insetos na minha toalha, que ficava pendurada perto da cama, mas achei que fossem carrapatos."

"O grande problema é que acabei levando os percevejos para casa, que ficou infestada. Eles se alojaram nas camas, no sofá, nos tapetes. Tudo porque deixei a mochila em cima da cama em alguns momentos", conta Silva, que, à época, avisou o albergue sobre o ocorrido --ele calcula ter gastado cerca de R$ 1.000 com três dedetizações para exterminar o inseto.

Fabio Brandão, 35, dono do Bamboo, afirma que o local faz manutenção mensal para manter os percevejos longe. "Os hóspedes acabam trazendo o bicho na mala, não tem como fiscalizar a bagagem", diz Brandão, que chegou a trocar os colchões do hostel. "A verdade é que muito difícil se livrar do inseto."

20 MIL CASOS

Por causa das idas e vindas dos percevejos foi criado em 2006 o site bedbugregistry.com, que compila, com a ajuda de viajantes, ocorrências do inseto em hotéis e apartamentos para alugar nos Estados Unidos (que, ao lado de Austrália e da Europa, vivem uma infestação do bicho) e no Canadá.

A página já tem mais de 20 mil registros.


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