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Turismo

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Mão na enxada, diária na faixa

Site permite que turista pague a estadia em 12 mil fazendas ao redor do mundo arando terrenos ou produzindo queijos

ANA KREPP DE SÃO PAULO

Passar semanas plantando tomates, colhendo cerejas, arando o campo ou ordenhando cabras e fazendo queijos não é exatamente as férias dos sonhos. Não?

Acredite, essa tem sido a escolha de muitos brasileiros que viajam e ficam em fazendas em todo o mundo que, em troca, oferecem três refeições por dia e hospedagem.

Para ter acesso aos contatos das mais de 12 mil fazendas cadastradas em mais de 60 países, incluindo o Brasil, o viajante desembolsa uma taxa de inscrição, que é cobrada de acordo com o país de interesse e varia de nada a US$ 72 (R$ 164).

Depois, ele recebe uma relação com a lista das propriedades e então é só entrar em contato com a fazenda para combinar as datas que quer ir.

"Você trabalha, mas descansa, porque está no campo, e não é um trabalho mental, como no computador. Mesmo sendo cansativo, é gostoso, você sente que está trabalhando para você mesmo", diz a paulistana Fernanda Maschietto, 25, que passou duas semanas em Carcassonne, na França.

O site Wwoof (rede mundial de oportunidades em fazendas orgânicas, na sigla em inglês) promove o encontro de viajantes e fazendeiros desde 2007, mas há pouco mais de um ano a prática tem ficado comum entre brasileiros.

É o caso do engenheiro Felipe Gasko, 28, paulistano, que decidiu aprender a fazer queijo de cabra nas férias de 2012. Foi então que ele entrou no site, procurou a região e a atividade de interesse e viajou de mala e cuia para uma fazenda produtora do laticínio na região da Bretanha, na França, onde passou três semanas.

"Eu não sabia ordenhar cabra nem fazer queijo, mas era simples. Quem chegou uma semana antes de mim me ensinou e assim foi", conta ele, que conheceu outros sete estrangeiros na mesma fazenda --cada um com direito a um quarto privativo.

Gasko diz que é uma vantagem ficar isolado. "Você fica próximo do dia a dia da verdadeira população, do interior, e ao mesmo tempo conhece estrangeiros."

BATER O PONTO

O viajante não é obrigado a ficar o dia inteiro na fazenda. O período de trabalho comumente combinado é de quatro a seis horas por dia, cinco vezes por semana. O tempo livre pode ser aproveitado como bem entender o viajante, ou "wwoofer".

"Eu pegava uma bicicleta e em 15 minutos estava no litoral", diz Naco dos Santos, 26, de São Paulo, que passou um mês em um sítio na Toscana. Acordava às 6h30 e ia trabalhar na horta, tirando praga, colhendo e regando.

Quando procurou o Wwoof, Naco buscava estreitar sua relação com a natureza. "Em São Paulo, não importa se chove, porque a gente fica dentro de casa, do carro ou do trabalho. Queria ter uma ligação mais viva com a terra."

Já a gestora ambiental Bia Maluf, 25 (também de São Paulo), chegou ao site pensando apenas em economizar. Gostou e viajou durante sete meses pela Austrália. Hospedou-se em cinco fazendas. "Para escolher as hospedagens, levei em conta o tipo de acomodação, banheiro, alimentação e localização, de preferência perto da praia."

É tarefa do viajante lidar com a burocracia do visto, já que o turista estará trabalhando e cada país tem suas regras quanto a isso.

O Itamaraty recomenda que brasileiros interessados em virar "wwoofers" procurem o consulado ou a embaixada do país que desejam visitar para saber qual tipo de permissão devem ter.


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