Caminho de Santiago de Compostela abre 'filial' no sul do Brasil
Consulado espanhol no país e Galícia escolheram cidade a 73 km de Porto Alegre para abrigar rota turística
Em ritmo rápido, é possível concluir percurso em duas horas; trecho final guarda a melhor vista
Uma região pouco conhecida do interior gaúcho foi escolhida para abrigar uma espécie de versão brasileira do caminho de Santiago de Compostela, que atrai milhares de peregrinos à Europa.
O Consulado da Espanha no Brasil e o governo da Comunidade da Galícia criaram um percurso de 12 km no município de Santo Antônio da Patrulha, a 73 km de Porto Alegre. A ideia é que a rota seja um local de treinamento para os andarilhos e de estímulo para quem pretende ir à Europa percorrer a rota de peregrinação cristã.
O roteiro é sinalizado com placas e indicações alusivas ao caminho espanhol.
Segundo o Consulado da Espanha, o caminho em Santo Antônio da Patrulha foi escolhido pela semelhança geográfica com o de Santiago. O município, de 42 mil habitantes, fica próximo ao litoral norte gaúcho e é entrecortado por morros. E, nos moldes do caminho espanhol, quem percorre a trilha recebe carimbos em uma credencial --ao todo, são quatro.
A ideia faz parte das comemorações dos 800 anos da peregrinação de São Francisco de Assis a Santiago de Compostela, completados em 2014. O consulado recebeu a indicação do lugar de um grupo de peregrinos gaúchos que já fez a rota na Europa.
Para se aproximar ainda mais do caminho original, a prefeitura incentiva a colaboração dos moradores. A casa do agricultor Ari Nunes da Silva ganhou status de local de apoio. Ele e a mulher servem água e são um dos responsáveis por carimbar as credenciais naquele ponto.
O TRAJETO
O caminho é quase todo feito por uma estrada rural.
Começa em vias asfaltadas, ainda no centro da cidade. Mais adiante, a rota entra em uma estrada de terra que corta pastagens e plantações.
Apesar da proximidade anunciada com o caminho espanhol, a falta de atrativos religiosos pode decepcionar os visitantes. Não há capelas nem imagens ao longo da rota. A exceção é uma estátua de santo Antônio, que pode ser avistada de longe.
O encerramento do caminho, sem marcos, é em um restaurante nas margens de uma rodovia estadual.
Em ritmo rápido, é possível percorrer a rota em duas horas. Alguns trechos de subida podem esgotar o fôlego dos menos experientes. O relevo acidentado, no entanto, é uma atração.
Ao longo do percurso, são vários pontos panorâmicos. Na parte final está a melhor vista da rota --de onde é possível ver a lagoa dos Barros, já quase no litoral gaúcho, e uma usina eólica.
"Lá não há a diversidade de vegetação que tem aqui", disse Marcos da Cunha, que já fez a rota espanhola e estava fazendo a gaúcha na semana passada. Segundo ele, a novidade é uma "boa ideia" que precisa ser consolidada.