Deserta, enseada de Cuba lembra praia baiana nos anos 60
A cerca de 200 km da capital, baía dos Porcos atrai turistas que fazem bate-volta a partir de Havana
Das opções de passeio, a mais rara é um criadouro de crocodilos, aberto em 1962 para garantir proliferação do réptil
Com pouca infraestrutura para hospedagem, as praias da baía dos Porcos estão a cerca de três horas de carro de Havana, a capital, no norte de Cuba. Por isso, os turistas normalmente fazem a travessia da ilha, passam algumas horas do dia e voltam no final da tarde para a capital.
Decretada patrimônio histórico mundial pela Unesco, a capital cubana tem recebido investimentos para recuperação de prédios de seu centro histórico, o que faz surgirem novos hotéis baratos em prédios históricos.
A mesma distância sepa- ra a baía de Varadero, o principal resort de praias da ilha, também localizado em sua face norte (Atlântico), repleto de hotéis de redes internacionais.
Cuba é uma ilha fina e comprida, banhada ao norte pelo Atlântico e ao sul pelo Caribe. Os dois litorais têm climas diferentes. No inverno, quando as frentes frias polares descem pela costa leste dos Estados Unidos gelando de Nova York a Miami, as praias do norte cubano ficam com más condições de banho. Nesse momento, muitos viajantes buscam o sul da ilha, frequentemente com clima completamente diferente, em um mesmo dia e poucos quilômetros de distância.
Além de praias de mar azul, com ótimas condições para mergulho ("buceo", em espanhol), a península de Zapata e a baía dos Porcos são cheias de passeios de caráter ecológico: Santo Tomás, Laguna de las Salinas, Laguna del Tesoro e Cueva de los Peces, são alguns desses lugares.
De todos, o mais raro é o Criadero de Cocodrilos (trocando letras de lugar, vê-se que é um criadouro de crocodilos). Inaugurado em 1962, ele se destina a garantir a proliferação do animal que estava ameaçado. Hoje, tem tantos bichos que o lugar vende carne em mercados.
Esse comércio certificado de uma carne que normalmente os estrangeiros não estão acostumados a comer se tornou uma atração gastronômica para quem visita a baía dos Porcos: restaurantes servem carne de jaca- ré, em um cardápio domi- nado por peixes e camarões frescos da região.
Cinco décadas depois da invasão de exilados cubanos e mercenários, o anúncio do reatamento de relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos culmina uma abertura que de fato já avançou muito nos últimos anos.
Hoje, aviões de turistas americanos descem no aeroporto de Varadero como não é raro encontrar cubanos contando de viagens recentes aos Estados Unidos; produtos "made in USA" podem ser comprados em qualquer canto, embora a preços muito caros para os nativos. E mesmo os grandes carros importados antes do embargo, que se tornaram típicos da ce- na cubana, hoje convivem com automóveis contemporâneos produzidos em outros países, que não boicotam o comércio com Cuba.
Mas a baía dos Porcos, por ser parte de um parque nacional, mantém-se como um lindo destino turístico deserto como uma praia baiana dos anos 1960. Goste ou não, a perspectiva é que logo se encham de invasores, agora pacíficos.