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Folia de rua não escapou das lentes do etnólogo

Verger tinha um pé na África e outro na Bahia

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE “TURISMO”

De família belga, Pierre Edouard Léopold Verger, nasceu em Paris, em 1902, e, aos 30 anos de idade, pôs o pé na estrada para "escapar da dignidade burguesa".

Nas suas andanças, visitou a Polinésia, a África e a ex-União Soviética e, fotografando para o jornal "Paris Soir", esteve no Japão, nas Filipinas, nos EUA, na Indochina (atual Vietnã) e no Camboja.

Chegou à Cidade da Bahia em 1946. Trazia um baú de lata, uma câmera Rolleiflex e uma ideia na cabeça: escrever sobre a Revolta dos Malês, um levante de negros islamizados que, ocorrido 1835, acabou com os revoltosos deportados para a África.

"BAIANO-FRANCÊS"

Esse fotógrafo e etnólogo que flagrou, em preto e branco, cenas como as dos blocos de Carnaval de Salvador (BA), as vendedoras de acarajé, as festas para Iemanjá e Iansã, ganhou do escritor Jorge Amado a alcunha de "o mais baiano dos franceses".

Inquieto por natureza, em 1950 ele voltou à África para conhecer a nobreza iorubá na Nigéria e no Benin, sendo rebatizado no candomblé para virar Pierre "Fatumbi" Verger, ganhando o nome do meio cuja tradução é "renascido em outra cultura".

Vivendo até o fim de seus dias, em 1996, numa casinha modesta na ladeira da Vila América, em Salvador, Verger escreveu "Fluxo e Refluxo do Tráfico de Escravos entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos nos Séculos 17 e 18", obra que lhe deu um doutorado na universidade Sorbonne, em 1966.

Hoje, sua obra está guardada na fundação soteropolitana que leva seu nome, nos arredores do Pelourinho (www.pierreverger.org).

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