E agora tio Sam?
Destinos na América Latina e Europa são alternativa para quem tomou susto com a alta do dólar e desistiu dos Estados Unidos; quem já tem viagem agendada precisa tomar cuidados com a compra da moeda
Abner Groterhorst, 8, vai ter que esperar um pouco mais para realizar o sonho de conhecer a Disney, na Flórida. Sua mãe, a paulistana Regina, 38, teve que adiar a viagem que estava sendo planejada há cerca de um ano. O motivo? A alta do dólar.
"Vamos deixar [a viagem para os Estados Unidos] para 2016. Neste ano, devemos viajar pelo Brasil", diz ela.
A constante alta na cotação da moeda americana --na última quinta-feira (26), ela fechou em R$ 2,88 pela primeira vez desde 2004-- tem feito os brasileiros repensarem as viagens para destinos que usam o dólar.
Segundo a TAM Viagens, o preço médio dos pacotes para os EUA aumentou 10% de janeiro de 2014 a janeiro de 2015. Mas há casos em que esse incremento chegou a 35%: sete noites em Nova York com passagem aérea e hotel saía por R$ 5.112,50 em 2014; hoje, custa R$ 6.897.
Quem tem pacote comprado há mais tempo se preocupa com o prejuízo. O consultor de TI, Bernardo Cantelli, 28, acabou de voltar dos Estados Unidos com a mulher e tomou um susto com o incremento da moeda americana.
"Eu comecei a planejar a viagem com o dólar a R$ 2,20 e, antes de ir, cheguei a comprar um lote da moeda a R$ 2,74. Certamente, se eu já não tivesse pago hotel, voo e passeios, eu trocaria a viagem para um resort no México."
A administradora Ticiane Laredo, 31, comprou há cerca de um ano um pacote para a família ir neste mês aos Estados Unidos. Na época, pagou hotéis e aluguel de carro com o dólar a R$ 2,35. "Mas preciso comprar mais e estou preocupada."
Apesar disso, a busca por Orlando, Miami e Nova York segue alta, de acordo com Sylvio Ferraz, diretor-executivo da TAM Viagens. "O brasileiro mudou o perfil. Trocou hotel, decidiu gastar menos, mas continua viajando para os Estados Unidos."
Há quem prefira, no entanto, procurar destinos de moeda mais barata. Segundo Riberto Frederico, operador de câmbio da Ourominas, desde o fim do ano passado houve um aumento na procura por pesos chileno, mexicano e uruguaio, além de dólares australiano e neozelandês.
"Antigamente, até brincávamos que essas moedas eram exóticas, mas agora têm uma procura bem razoável."
Ainda tem aqueles turistas que vão ficar pelo Brasil. Na Nascimento Turismo, o número de orçamentos para viagens no país dobrou de janeiro de 2014 a janeiro de 2015.
"As pessoas ficaram inseguras para tomar decisões de longo prazo", afirma o diretor comercial da agência, Cleiton Feijó. "O turista está enxergando o produto doméstico com outros olhos."
Se você quer fugir do dólar, mas viajar para fora, o "Turismo" selecionou cinco destinos na América Latina e na Europa que valem cada real.