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Contrastes destacam capital do Paraguai

Assunção é o principal reflexo do crescimento econômico e da chegada de uma modernidade tardia ao país

Arranha-céus, hotéis de luxo, shopping centers e muitos carrões pelas ruas convivem com uma pobreza que é aparente

EUCLIDES SANTOS MENDES
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

"Foi num baile em Asunción/ capital do Paraguai/ onde eu vi as paraguaias/ sorridentes a bailar."

O viajante brasileiro que visitar a capital da República do Paraguai não deve se surpreender se ouvir, nas primeiras horas em Assunção, os versos da canção "Galopeira". Os paraguaios apreciam música sertaneja e, por isso, não é raro escutar duplas cantando nos bares da cidade até mesmo em português.

Às margens do rio Paraguai (que, após o encontro com os rios Paraná e Uruguai, ajuda a formar o "mar doce" do rio da Prata) e não muito distante da fronteira com a Argentina, Assunção é o principal reflexo do crescimento econômico e da chegada de uma modernidade tardia ao país.

A capital tem uma face pujante -com arranha-céus, shopping centers, hotéis de luxo e muitos carrões trafegando pelas ruas- convivendo com a pobreza.

Do aeroporto ao centro da cidade, o taxista com quem a reportagem conversou comemora as mudanças, sobretudo econômicas, e agradece a ajuda do governo brasileiro ao Paraguai. Lamenta, no entanto, que a história tenha sido tão injusta com seu país.

Ele diz que a Guerra da Tríplice Aliança -denominação paraguaia ao conflito conhecido no Brasil como Guerra do Paraguai (1864-70)- devastou uma nação desenvolvida para os padrões do século 19 na América do Sul.

Mas estudos relevantes sobre a guerra (entre eles, "Guerra Maldita", do historiador brasileiro Francisco Doratioto) veem o líder do Paraguai à época do conflito, Francisco Solano López, ou Mariscal López (herói nacional por seu suposto anti-imperialismo), também como um vilão insensato que ajudou a esfacelar o país.

A memória da guerra está não só na fala do taxista, mas também em prédios públicos da capital, como o palácio do governo -que Lopéz mandou construir para viver com sua mulher, a irlandesa Elisa Lynch- e o Panteão dos Heróis da Pátria, bem como em filmes paraguaios como "Cerro Corá", cujo título evoca a batalha em que Lopéz morreu.

Outra "ferida aberta" na história do país é mais recente e decorre dos 35 anos de ditadura militar (1954-89), liderada pelo general Alfredo Stroessner e que legitimou o poder das Forças Armadas, o Estado oligárquico e a manutenção da pobreza.

Mesmo com a democracia, o Paraguai ainda ocupa uma das piores posições no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano da ONU) entre os países da América do Sul e está no 107º lugar deste ranking.

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