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Fim de recursos criou turismo no espaço

Com término da utopia comunista, a ideia de viajantes no espaço ajudou a manter naves e estações funcionando

Poucos conseguiram, mas, desde Gagarin, muitos quiseram ter a vista privilegiada do azul do planeta Terra

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

"A Terra é azul", disse o primeiro homem no espaço, o soviético Yuri Gagarin, em 12 de abril de 1961, durante voo em órbita do planeta de menos de duas horas.

Desde então, muitos quiseram ter a mesma vista privilegiada. Poucos conseguiram. Tanto os "cosmonautas" soviéticos como seus rivais "astronautas" americanos eram quase todos militares.

Quando Gagarin viajou, o mundo vivia a Guerra Fria entre os blocos comunista e capitalista, e a corrida espacial, especialmente sua versão de voos tripulados, era a vitrine que servia para mostrar ao mundo as virtudes de seus regimes político-econômicos.

Levou 40 anos para o primeiro "turista" de verdade ir ao espaço -e, ironicamente, isso foi possível justamente graças ao fim da Guerra Fria.

Em julho de 1969, dois astronautas do projeto Apollo pisaram na Lua. Dos 12 que o fizeram, só um era cientista. E o começo da década de 1990 viu o desmantelamento do comunismo na Europa. De repente, perdeu a graça investir em caros voos tripulados para o espaço. Não havia interesse político. EUA e URSS continuaram a mandar homens e mulheres ao espaço.

A necessidade de propaganda era fundamental para manter à tona esses projetos espaciais. Os soviéticos enviaram ao espaço cosmonautas de seus aliados: Bulgária, Polônia, Alemanha Oriental e até Afeganistão e Síria.

Os EUA fizeram o mesmo com seus aliados da Europa ocidental, além de arranjarem lugares a bordo para senador, deputado e professora -que explodiram com o ônibus espacial Challenger em 1986, detonando projetos semelhantes de levar ao espaço jornalistas e civis.

Com o fim da utopia comunista da ex-URSS, não havia recursos. Foi quando surgiu a ideia do turismo espacial para ajudar a manter as naves e estações funcionando.

Até hoje, os únicos casos de "turismo" espacial estrito senso foram protagonizados pela sucessora da agência espacial da URSS, a Agência Espacial Russa. Houve o caso de "executivos" irem ao espaço por conta de suas empresas, claro, mas isso não chega a ser considerado uma espécie tradicional de turismo, na qual o próprio indivíduo paga sua viagem e estadia.

Caso haja interesse, quem faz a mediação é a Space Adventures (spaceadventures.com). Ela tem usado as naves russas da série Soyuz, testada e confiável. No futuro, espera usar uma nave em projeto pela Boeing, a CST-100.

Se você acha que os preços são exagerados só para constatar que a Terra é azul, há uma opção mais barata: por US$ 4.950 (R$ 10.062), você embarca em um avião que simula -graças a manobras- a sensação de "gravidade zero" do espaço. Por menos de um minuto, mas você vai flutuar como um astronauta/cosmonauta.

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