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Cidades goianas preservam legados do período colonial

Cidade de Goiás está para a poesia como Pirenópolis está para a prosa

Estrada local facilita o deslocamento; por lá, quase não há buracos, tampouco pedágios -mas muitos caminhões

ROBERTO DE OLIVEIRA
EM GOIÁS

É no coração do país, entre duas capitais, a do Estado de Goiás e a do Distrito Federal, que a história preserva dois legados do período colonial brasileiro: a Cidade de Goiás e Pirenópolis. A primeira está para a poesia como a segunda está para a prosa.

Um jeito bacana de descobrir esse pedaço do Brasil ainda conhecido por poucos é traçar uma rota que comece por Goiânia e termine em Brasília. No caminho, esperando para serem desbravadas, as duas cidades fundadas por bandeirantes no século 18.

No retrovisor do carro, a capital de Goiás vai ficando para trás. Quando a GO-070 começa a ganhar corpo, o cheirinho de mato que vem com o vento é a "senha" para despertar outros sentidos.

Logo a vista sossega com a paisagem que se descortina. Sempre-vivas, canela-de-ema, caraíba ou ipê-do-cerrado e pau-papel, considerada a árvore símbolo de Goiás, cujo tronco se desfolha como papel. Há algumas árvores gigantes e outras pequeninas e retorcidas, que assumem formas e cores naquela vastidão que são os campos do cerrado brasileiro.

Parece que o céu, de um anil absurdo, está mais próximo de nossas cabeças. Mas, nesse momento, o cérebro precisa tomar as rédeas da emoção e controlar o pé no acelerador.

Fácil ali é deixar-se embrenhar pelos encantos da natureza e, de quebra, esquecer-se do volante.

A viagem segue e, com ela, o cair da tarde. O sol banha o caminho com as mais diferentes tonalidades de laranja, roxo, púrpura e lilás.

Vez ou outra, um facho de luz, produzido pelo reflexo do sol nas panelas de ferro à venda no acostamento, cruza a rodovia, ampliando ainda mais a paleta de cores.

A estrada, é verdade, facilita o deslocamento. Quase não há buracos, tampouco pedágios. Só caminhonetonas e caminhões pelo trajeto e o branco do gado pipocando no meio do verde nas janelas laterais do veículo.

Nessas horas, bate aquela sensação maluca de que a terra no Centro-Oeste, recortada por rios, riachos e açudes, não tem fim. Mais adiante, as placas anunciam: a terra da poetisa Cora Coralina está logo ali, espalhada por debaixo daquela serra acolá.

Nossa! Passou tão rápido! Da próxima vez, melhor escolher o banco do carona.

Assim, as duas horas até a primeira parada dessa viagem serão exclusivas para ficar à caça das belezas do trajeto. E elas são tantas...

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