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No alto, o azul do oceano se rende ao céu brilhante

Vidigal conserva trilha até o morro Dois Irmãos e é pródigo em baladas

Há 200 anos, imperador já costumava subir a cavalo até o cume dos montes mais altos do Império do Brasil

DA ENVIADA AO RIO

A visão da Cidade Maravilhosa nas alturas já era uma viagem aos olhos de d. Pedro 1º (1798-1834), que adorava subir a cavalo até os cumes dos montes mais altos do Império do Brasil. Dois séculos depois, esse cartão-postal dos livros de história foi trocado por um Pão de Açúcar e um Corcovado permanentemente lotados de visitantes.

Trata-se de uma bela visão panorâmica, sim, mas compartilhada com uma turma ansiosa por tirar fotos. Hoje, há um outro jeito de conquistar o céu do Rio de Janeiro longe das hordas de turistas. O Vidigal mantém, em meio à sua floresta, uma rota até dois montes de curvas sensuais que, à distância, se impõem à praia de Ipanema: o morro Dois Irmãos.

No hostel ao pé do morro, o Vidialbergue (vidigalbergue.com.br), é fácil arrumar um guia para acompanhá-lo por meio dos becos até o topo da comunidade -e daí à trilha de uma hora que segue à parte mais alta do monte.

Esse passeio a pé de umas três horas, para bons andarilhos, pode ser combinado no local por uns R$ 60.

Na metade do caminho, dentro da mata, aproveite uma rocha pelada para descansar. De lá se descortina a visão panorâmica da colorida favela da Rocinha. Os parapentes sobrevoam essa imensa colmeia de barracos junto a mansões com piscina.

No final do passeio, após atravessar uma densa floresta, a jornada se torna ensolarada, e a pele azul do oceano se rende ante um céu ainda mais brilhante. A essa altura, a praia de Ipanema pinta de ouro o conjunto da cidade e, por segundos, você até se sente o dono daquilo.

Ao chegar a noite, outros personagens tomam as ruas na procura de uma cerveja gelada e de companhia. O Vidigal tem vários lugares onde dá para curtir um papo e até uma dançadinha.

A primeira parada pode ser no bar da Pracinha, na entrada da favela. Não é limpo, mas tem no terraço um observatório da vida do local. A filha do dono é simpática.

Ali, há até mesmo hóspedes do Sheraton Rio que se aventuram e tomam uma cerveja para sentir a emoção de estar numa favela.

O Bar do Jesus, a Soninha e o Armazém de Ideias, todos na mesma confluência de ruas na frente da igreja Nossa Sra. da Consolação, são locais frequentados por estrangeiros que já moram há tempos na favela, caso do alemão André, autor do primeiro mapa turístico da comunidade.

Estando lá, tome ao menos uma cerveja para testar o ambiente, mas não se esqueça de que o tempo é curto.

Depois, confira o agito do terraço do albergue Alto Vidigal (www.altovidigal.com), lugar que serve para beber e desafiar a noite.

Pelo menos uma vez por mês, essa pérola no alto do morro, cuja vista do litoral da zona sul é espetacular, vira cenário de festas descoladas onde centenas de pessoas dançam até o alvorecer.

O público é diverso, e a maioria nunca pisou numa favela. Até mesmo a bem-sucedida Voodoohop, festa paulistana que ocupa prédios abandonados e até o Minhocão, já organizou ali uma despedida do último Carnaval.

Também dá para fazer festa particular no terraço do Vidialbergue, que pode ser alugado por R$ 350. Ou tente um morador hospitaleiro que ofereça a vista de sua laje, opção romântica para quem contempla a lua até ela sumir.

(MARÍA MARTÍN)

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