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"COUNTRYSIDE" À INGLESA
Reserve algumas horas para o Sherborne Castle, erguido no séc. 16 pelo personagem local mais marcante
Castelo guarda até cachimbos de Raleigh
DO ENVIADO ESPECIAL A SHERBORNE
Depois de visitar a abadia e o
centrinho de Sherborne, de
aproveitar de um dos seus pubs
e cafés, tire algumas horas para
visitar o velho castelo, ou Old
Castle, e o novo, também chamado de Sherborne Castle.
Comece pelo Old Castle
(www.english-heritage.org.
uk/sherborne), fortaleza de
pedra com fosso na entrada
que foi do arcebispo católico de
Salisbury -isso até ter sido expropriada, em 1592, por Elizabeth 1ª, anglicana e filha de
Henrique 8º e Ana Bolena.
O "herdeiro" do local foi o
nobre, pirata, dublê de historiador e ainda escritor sir Walter Raleigh.
Possivelmente o aventureiro
Raleigh tenha sido um amor
platônico dessa rainha que
nunca se casou e nem teve filhos, mas esposou a causa do
protestantismo e da construção do Império Britânico.
Depois de engravidar Bess,
uma aia da rainha Elizabeth 1ª,
Raleigh caiu em desgraça no
reino, num tempo em que já
morava no Old Castle e construía o Sherborne Castle.
Ambos os castelos podem ser
visitados de 1º de abril a 31 de
outubro, a partir das 10h.
Em ruínas desde 1646, o velho castelo foi atacado por Oliver Cromwell durante a Guerra
Civil e resistiu a 16 dias até ser
ocupado. Ainda exibe o fosso e
parte de seus muros de pedra
em meio a um imenso gramado. Na visita, tem-se a impressão de que algum cavaleiro de
armadura está para aparecer.
Do outro lado de um lago, sir
Walter Raleigh construiu o novo castelo, que acabou vendido
em 1617 para a nobre família
Digby, que ainda hoje mora numa de suas alas.
Um ano depois da venda, Raleigh perdeu -literalmente- a
cabeça, mas não a pompa. Foi
decapitado na Torre de Londres a mando do rei James 1º,
sucessor de Elizabeth 1ª, que
vivia assombrado pela possibilidade de ser derrubado em um
complô.
Nobres relíquias
Concluído em 1594, o Sherborne Castle (www.sherbor
necastle.com) exige umas três
horas de visitação, pois é repleto de obras de arte e de vestígios históricos e paleontológicos, que infelizmente não podem ser fotografados.
Até cachimbos de Raleigh,
cujas proezas incluem ter levado o fumo e as batatas da América do Norte para o Reino Unido, integram o acervo.
Quando ele foi acusado de
traição por James 1º e teve ainda a cabeça pedida pelo embaixador da Espanha, sir John
Digby adquiriu o castelo.
A família Digby modernizou
o local nos anos 1630 e transformou o palácio numa morada
aristocrática de acordo com o
conforto dos novos tempos.
Reis como Guilherme de
Orange, em 1688, e George 3º,
em 1789, ali estiveram, e, intacto, o acervo do Sherborne Castle reúne curiosidades e muito
do luxo de várias épocas.
É permitido fotografar nos
jardins e no imenso gramado,
chamado de Castle Yard, onde,
à beira do lago, ocorrem eventos tradicionais da cidade. O
entorno tem a mesma aparência desde, pelo menos, 1753.
Na Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), a propriedade foi
usada pela Cruz Vermelha e é
bom lembrar que, nos arredores de Sherborne, notadamente durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), quando o
local serviu de quartel-general
para o Dia D, quando os aliados
invadiram a Normandia, cresceu a indústria de helicópteros
e equipamentos militares, que
vira e mexe podem ser vistos
voando, em testes de performance, nos arredores.
Acervo curioso
Refletindo o gosto dos últimos quatro séculos, as salas e
salões do Sherborne Castle exibem cerâmicas alemã, chinesa
e japonesa, paredes revestidas
de seda, móveis de várias épocas e procedências, além de armas, bússolas, mapas, pinturas
de cenas rurais e retratos da família, na parte antiga, objetos
que foram de Raleigh.
No onipresente brasão dos
Digby, aparece sempre a enigmática menção ao avestruz.
Também é comum o castelo
hospedar cerimônias de casamento.
(SILVIO CIOFFI)
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