São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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"COUNTRYSIDE" À INGLESA
Reserve algumas horas para o Sherborne Castle, erguido no séc. 16 pelo personagem local mais marcante

Castelo guarda até cachimbos de Raleigh

DO ENVIADO ESPECIAL A SHERBORNE

Depois de visitar a abadia e o centrinho de Sherborne, de aproveitar de um dos seus pubs e cafés, tire algumas horas para visitar o velho castelo, ou Old Castle, e o novo, também chamado de Sherborne Castle.
Comece pelo Old Castle (www.english-heritage.org. uk/sherborne), fortaleza de pedra com fosso na entrada que foi do arcebispo católico de Salisbury -isso até ter sido expropriada, em 1592, por Elizabeth 1ª, anglicana e filha de Henrique 8º e Ana Bolena.
O "herdeiro" do local foi o nobre, pirata, dublê de historiador e ainda escritor sir Walter Raleigh.
Possivelmente o aventureiro Raleigh tenha sido um amor platônico dessa rainha que nunca se casou e nem teve filhos, mas esposou a causa do protestantismo e da construção do Império Britânico.
Depois de engravidar Bess, uma aia da rainha Elizabeth 1ª, Raleigh caiu em desgraça no reino, num tempo em que já morava no Old Castle e construía o Sherborne Castle.
Ambos os castelos podem ser visitados de 1º de abril a 31 de outubro, a partir das 10h.
Em ruínas desde 1646, o velho castelo foi atacado por Oliver Cromwell durante a Guerra Civil e resistiu a 16 dias até ser ocupado. Ainda exibe o fosso e parte de seus muros de pedra em meio a um imenso gramado. Na visita, tem-se a impressão de que algum cavaleiro de armadura está para aparecer.
Do outro lado de um lago, sir Walter Raleigh construiu o novo castelo, que acabou vendido em 1617 para a nobre família Digby, que ainda hoje mora numa de suas alas.
Um ano depois da venda, Raleigh perdeu -literalmente- a cabeça, mas não a pompa. Foi decapitado na Torre de Londres a mando do rei James 1º, sucessor de Elizabeth 1ª, que vivia assombrado pela possibilidade de ser derrubado em um complô.

Nobres relíquias
Concluído em 1594, o Sherborne Castle (www.sherbor necastle.com) exige umas três horas de visitação, pois é repleto de obras de arte e de vestígios históricos e paleontológicos, que infelizmente não podem ser fotografados.
Até cachimbos de Raleigh, cujas proezas incluem ter levado o fumo e as batatas da América do Norte para o Reino Unido, integram o acervo.
Quando ele foi acusado de traição por James 1º e teve ainda a cabeça pedida pelo embaixador da Espanha, sir John Digby adquiriu o castelo.
A família Digby modernizou o local nos anos 1630 e transformou o palácio numa morada aristocrática de acordo com o conforto dos novos tempos.
Reis como Guilherme de Orange, em 1688, e George 3º, em 1789, ali estiveram, e, intacto, o acervo do Sherborne Castle reúne curiosidades e muito do luxo de várias épocas.
É permitido fotografar nos jardins e no imenso gramado, chamado de Castle Yard, onde, à beira do lago, ocorrem eventos tradicionais da cidade. O entorno tem a mesma aparência desde, pelo menos, 1753.
Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a propriedade foi usada pela Cruz Vermelha e é bom lembrar que, nos arredores de Sherborne, notadamente durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o local serviu de quartel-general para o Dia D, quando os aliados invadiram a Normandia, cresceu a indústria de helicópteros e equipamentos militares, que vira e mexe podem ser vistos voando, em testes de performance, nos arredores.

Acervo curioso
Refletindo o gosto dos últimos quatro séculos, as salas e salões do Sherborne Castle exibem cerâmicas alemã, chinesa e japonesa, paredes revestidas de seda, móveis de várias épocas e procedências, além de armas, bússolas, mapas, pinturas de cenas rurais e retratos da família, na parte antiga, objetos que foram de Raleigh.
No onipresente brasão dos Digby, aparece sempre a enigmática menção ao avestruz.
Também é comum o castelo hospedar cerimônias de casamento. (SILVIO CIOFFI)


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