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URUGUAI NATURAL
De acesso difícil, cercada por areia, península a 260 km da capital vive sem água corrente e eletricidade
Dunas protegem charme rústico de Cabo Polonio
MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM CABO POLONIO
Ainda que não seja uma ilha,
Cabo Polonio vive completamente isolada. Essa península,
localizada a 260 km de Montevidéu, no distrito de Rocha, é
cercada por dunas que alcançam até 30 m de altura. A natureza foi generosa ao dificultar o
acesso a esse vilarejo de maneira tão charmosa. Descoberto
por turistas há menos de 30
anos, Cabo Polonio ainda mantém sua aura primitiva: não há
luz elétrica nem água corrente.
Mas o mais importante não é
sentir o que falta, e sim o que
sobra: noites estreladas iluminadas pela lua e pelo farol, paisagens dominadas pelo mar
cheio de lobos e leões-marinhos, baleias e aves de todos os
tamanhos e um tapete de areia
que se estende pelas praias a
perder de vista.
Em frente ao povoado, encontra-se um grupo de três
ilhas, as islas de Torres, que
constituem um dos mais importantes assentamentos de lobos-marinhos da América do
Sul, além de abrigarem inúmeras gaivotas. Essas ilhas também são o lugar de reprodução
dos leões-marinhos. Das rochas de Cabo Polonio é possível
observá-los fazendo todo tipo
de acrobacia na água, e, aos pés
do farol, dezenas deles se esparramam sob o sol. À noite, os
grunhidos dos animais são o
único ruído que corta o silêncio
desse pequeno refúgio.
Travessia
Chegar a Cabo Polonio requer uma pitada de espírito de
aventura: distante 8 km da ruta
10- a única estrada que leva à
região-, só é possível transpor
o caminho de areia que cerca a
entrada da península em automóveis 4x4, a cavalo ou até
mesmo caminhando.
É proibido entrar com veículo próprio, por isso é preciso recorrer a camionetes especialmente adaptadas com rodas gigantes de uma das seis agências
autorizadas a transitar no local.
Há saídas de uma em uma hora,
e o preço é fixo (120 pesos, cerca de R$ 11,50).
Para quem acaba de chegar,
Cabo Polonio se mostra um
pouco desordenado: não há
ruas demarcadas ou qualquer
característica que remeta a um
centro urbano. As casas, que
não somam mais de 150, têm
poços de água, hortas e criação
de galinhas e ovelhas. A maioria
é de madeira ou pintada de
branco. Todas estão espalhadas, sem ordem.
A população local é de apenas
70 pessoas, mas boa parte das
casas é de veraneio e, por isso,
ficam vazias durante meses.
Sorte de quem as ergueu enquanto era permitido. Desde
1992, para proteger a riqueza
natural da península, o governo
proíbe qualquer tipo de construção na península.
Toda essa atmosfera faz de
Cabo Polonio um segredo. Não
chega a ser considerado um lugar turístico para muitos uruguaios e não aparece na maioria
dos guias de viagem. É justamente esse seu encanto: ser um
destino especial, aonde se chega porque alguém contou que
esteve lá.
AGÊNCIAS - La Estrella del Cabo:
00/xx/598/99/87-0868; El Paraiso: 00/xx/598/99/63-5441
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