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ROTAS IBÉRICAS
Lenda ou verdade, Galícia sempre tem boa história
Hércules, filho de Zeus, e Teucro, da "Ilíada", são citados como fundadores fictícios de cidades da região
MARINA DELLA VALLE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA GALÍCIA
Uma hora e meia após deixar
o Porto, importante cidade no
norte de Portugal, o viajante
nota algumas mudanças na paisagem ladeando a estrada: a vegetação parece mais verde e
despontam casas construídas
com uma pedra de cor clara.
A Galícia surge tímida, revelando aos poucos suas tradicionais construções de granito e
sua paisagem dramática, as
montanhas cobertas de verde e
a costa recortada.
Comunidade autônoma no
noroeste da Espanha, ao norte
de Portugal, a Galícia é uma terra algo mística. A impressão é
que por trás de cada detalhe há
um mito, uma lenda -ou, ao
menos, uma boa história.
A tumba do apóstolo Tiago,
em Santiago de Compostela, é
motivo para peregrinações que
se iniciaram já no século 9º.
Segundo a tradição medieval,
um eremita chamado Paio descobriu os restos do apóstolo ao
ver luzes noturnas. Hoje é impossível passear pela região
sem ver os símbolos dos caminhos para Santiago, as vieiras e
as setas amarelas, em placas e
até nos suvenires.
Com a religiosidade convivem as "meigas" -ou bruxas-,
herança celta onipresente nas
lojas de lembranças, e lendas
envolvendo personagens da
mitologia grega sobre a fundação de algumas cidades.
Pontevedra leva a fama de ter
sido fundada por Teucro, personagem da "Ilíada" de Homero que lutou na Guerra de Tróia
ao lado do meio-irmão Ajax. Segundo a lenda, ele teria fundado Pontevedra após ser expulso
de casa pelo pai por não ter vingado a morte de Ajax.
La Coruña também ostenta
um herói como centro de sua
lenda de fundação: Hércules, filho de Zeus. Segundo a história,
a cidade seria morada de um gigante chamado Gerion, que
apavorava seus habitantes.
Hércules teria derrotado o
gigante após três dias de luta,
cortado sua cabeça e mandado
construir uma torre sobre ela
para comemorar a vitória. A
torre de Hércules, na verdade
um farol romano, o mais antigo
ainda em funcionamento, é
uma das principais referências
históricas de La Coruña.
Atrações turísticas, é claro,
mas que vão muito além das
lendas. Os 1.400 quilômetros
de costa são marcados pelas
rias -braços de mar que se introduzem no continente, criando um litoral recortado, repleto
de pequenas ilhas.
As áreas urbanas são cheias
de prédios edificados com o
granito claro, abundante na região. As técnicas construtivas
ali empregadas remontam aos
romanos e foram mantidas.
Na bela paisagem, destacam-se os cruzeiros -cruzes feitas
de pedra por diferentes motivos: marcar a proximidade em
relação a uma igreja, a direção
de um caminho ou para espantar as "meigas".
Também são típicos da região os "hórreos", pequenos celeiros construídos de pedra ou
madeira, suspensos sobre colunas, que até hoje são usados para estocar cereais. A rica culinária e a simpatia dos galegos com
os turistas completam a lista de
(bons) motivos para uma visita
ao local.
MARINA DELLA VALLE viajou a convite da Câmara de Comércio de Pontevedra
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