São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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mercadões

Orixá define face religiosa de mercado gaúcho

OCUTÁ História de oferenda enterrada no prédio atrai devotos da umbanda

Gustavo Roth/Folha Imagem
O mercado de Porto Alegre, de 138 anos, sobreviveu a avenida e enchente


SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Cultura, religião, compras e gastronomia se fundem dentro do enorme quadrado que abriga o Mercado Público de Porto Alegre (RS).
O prédio de dois andares que ainda guarda a fachada original de sua construção, há 138 anos, quase foi destruído, em 1960, para dar espaço a uma avenida. A estrutura também se manteve de pé, em 1941, quando Porto Alegre enfrentou uma enchente histórica. Na ocasião, as águas alcançaram mais de três metros de altura.
Centro de consumo e de turismo, o mercado oferece uma rica diversidade de produtos, restaurantes e serviços expostos em 106 bancas, que vão desde os prosaicos feijão e erva-mate a elaborados sushis e acesso a wireless -internet rápida sem fio.
No piso térreo, estão as bancas de frutas, verduras, cereais, vinhos, frutos do mar e açougue, as casas de umbanda e os mais tradicionais bares e lancherias do Mercado Público.

Cardápio
O Gambrinus, mais antigo restaurante da capital gaúcha, foi fundado em 1889 e é um dos dois únicos estabelecimentos que continua funcionando ininterruptamente desde o século 19 no mercado.
Algumas paredes conservam os tijolos originais assentados pelos escravos que utilizavam água e areia do rio Guaíba para fazer o acabamento.
No cardápio há opções de carne e peixe com preços que variam de R$ 18 a R$ 48 a porção, cervejas, chope e uma diversificada carta de vinhos.
Quase ao lado do Gambrinus, fica o bar Naval, que funciona desde 1907, vendendo frutos do mar e comidas típicas gaúchas.
A banca 40 é outro ponto que atrai a atenção dos visitantes. Ali se vende a mais conhecida salada de frutas com sorvete e nata do mercado.
Poucos sabem, mas o nome da sobremesa, bomba royal, foi dado pela banca durante a Segunda Guerra Mundial em homenagem aos brasileiros que lutaram na Europa.
Mas nem só de restaurantes e especiarias é feito o Mercado Público de Porto Alegre. Há bancas de artesanato e de produtos feitos de lã e couro, como tapetes, bolsas e almofadas.

Umbanda
A religião também domina boa parte do local. E tudo porque, na sua construção, os escravos teriam enterrado bem no centro do mercado um ocutá (em linguagem africana significa uma pedra) em referência a Bará (orixá que rege os caminhos, o trabalho, a sexualidade, a fartura e o início de todas as coisas).
Lenda para alguns, fato para outros, esta história levou os funcionários do Memorial do Mercado a fazer uma ampla pesquisa sobre a construção do prédio e motivou escavações arqueológicas quando o mercado foi reformado, em 1997.
O Bará não foi encontrado, mas isso não desmotivou as milhares de pessoas que fazem oferendas e se iniciam na umbanda dentro do mercado.
O segundo piso, acessado por uma escada rolante ou dois elevadores, é ocupado quase totalmente por restaurantes de comidas típicas do Sul, japonesa e vegetariana.
Há uma agência bancária e uma sala com 12 computadores, que podem ser usados gratuitamente, desde que o usuário não entre em sites de pornografia ou no Orkut.
Desde o começo deste ano, o Mercado Público também disponibilizou ao visitantes wireless gratuito em todas as dependências do prédio.


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