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ESTAÇÃO NAS NUVENS
Pinho-de-riga, madeira proveniente do norte da Europa, foi matéria-prima das primeiras casas
Trem deu origem ao povoado no séc. 19
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A vila de Paranapiacaba (em tupi-guarani, lugar de onde se avista
o mar) é fruto da expansão da malha ferroviária paulista. As primeiras casinhas brotaram em
meio à mata atlântica na metade
do século 19 para abrigar famílias
de operários e de engenheiros da
empresa inglesa São Paulo Railway Company.
A vila está 800 metros acima do
nível do mar. A linha ferroviária
divide Paranapiacaba em duas
áreas; ambas são tombadas como
patrimônio histórico nacional.
A parte baixa, com 360 casas, foi
adquirida pela Prefeitura de Santo
André em 2001 por R$ 2,1 milhões. As residências particulares
encontraram lugar na área elevada. Ali se estabeleceram ex-trabalhadores, além de pessoas que desejam a calma da vila. E o comércio se desenvolveu com maior vigor nessa região.
A maioria (80%) das casas da
parte inferior foi construída com
pinho-de-riga, segundo o diretor-secretário da AMA (Associação
dos Monitores Ambientais de Paranapiacaba), Eduardo Pin.
Ele afirma ainda que a madeira
não é mais comercializada e é encontrada apenas em reservas no
norte da Europa. O banheiro das
casas operárias ficava na parte externa, situação da maioria das residências até hoje. "Era uma medida sanitária", conta Pin.
Há na vila diversos tipos de moradia -a maioria construída para os operários. Um exemplo são
as casas para solteiros, com vários
quartos. As residências para casais são pequenas, com três ou
quatro cômodos.
O Castelinho era a residência do
engenheiro-chefe, o mais alto
posto da empresa. A arquitetura
do local é no estilo vitoriano, com
um corredor central separando os
cômodos e uma varanda.
A moradia, transformada em
museu, está em um dos pontos
mais altos da vila -para, segundo o diretor da AMA, possibilitar
o controle visual sobre os funcionários e sobre uma das entradas
da vila, que fica na parte baixa.
Degradação
Dois fatos marcaram a degradação de Paranapiacaba. Um foi o
fim da concessão, em 1946, dada à
empresa inglesa para explorar a
ferrovia. O outro foi a troca do sistema de transporte, reduzindo
drasticamente o número de operários, na década de 70. A iniciativa partiu da União, que já era proprietária da vila.
Com a saída dos funcionários, já
nos anos 80, as casas passaram a
ficar desocupadas, situação que
possibilitou a invasão por pessoas
vindas de outras partes, sobretudo de cidades do Grande ABC.
Parte dos antigos moradores se
organizou, numa tentativa de preservar a memória e as estruturas
do local. Com isso, em 1987, o
Condephaat (Conselho de Defesa
do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São
Paulo) reconheceu a vila de Paranapiacaba como patrimônio histórico. Na década seguinte, a MRS
Logística comprou parte da rede
ferroviária federal, mantendo as
atividades até hoje.
Em 2001 foi a vez da prefeitura
andreense comprar da RFFSA a
parte histórica da vila. No ano seguinte, a União reconheceu Paranapiacaba como patrimônio histórico nacional. Essas iniciativas
tiveram papel fundamental na
atual recuperação da vila.
(MG)
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