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Após dez anos de pesquisa, Estado criou sementes de algodão nas cores marrom, verde e vermelha
Tufo nasce colorido em solo paraibano
DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINA GRANDE
Sede do Centro Nacional de
Pesquisa de Algodão Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), Campina Grande
produz algodão naturalmente colorido, nas cores marrom e verde,
e já testa em vermelho. "A Paraíba
é pioneira na produção desse tipo
de algodão, com o lançamento
das sementes da versão marrom
em 2001", diz Alderi Emídio de
Araújo, 41, chefe de pesquisa e desenvolvimento do centro.
Na verdade, como explica Araújo, o algodão colorido já existia na
natureza, mas sem as características essenciais para o processo industrial, como resistência e fios
compridos.
A Embrapa, então, cruzou a espécie com outras até chegar a uma
variedade com as características
ideais, em dez anos de pesquisa.
A primeira colheita do algodão
marrom aconteceu nos meses de
junho e julho de 2002. Hoje ele é
plantado em uma área de 1.470
hectares em 24 municípios, que
produzem 1.500 toneladas de algodão com caroço (cerca de 450
toneladas de pluma sem caroço).
A versão verde deve ter sua primeira colheita no final do mês.
Como explica Araújo, o algodão
colorido é ecologicamente correto. "O tingimento é um dos processos mais poluentes da indústria têxtil. Além disso, o produto é
interessante para pessoas alérgicas a corantes", afirma.
Plantado em uma região seca,
quase sem pragas, o algodão colorido precisa de pouco agrotóxico.
A versão 100% orgânica está sendo desenvolvida.
A cadeia produtiva em Campina Grande inclui o consórcio Natural Fashion, formado por nove
indústrias de confecção, que compra a produção de pequenos agricultores da região. Uma cooperativa tira o caroço do algodão, que
é fiado e transformado em malhas
em uma indústria têxtil de Campina Grande.
A tecelegam Entre Fios (www.
entrefios.com.br), uma das integrantes do Natural Fashion, usa o
algodão colorido para fabricar redes, jogos americanos, almofadas
etc. O trabalho é feito com uma
cooperativa de artesãs.
Fundada em 1995, a tecelagem
vende para lojas de diversos Estados, como Pará e Ceará. Além do
algodão colorido naturalmente,
também usa fios tingidos.
O estilista Ângelo Rafael de Farias, 40, cria coleções de moda para o Natural Fashion com as malhas feitas de algodão colorido.
"Tenho o compromisso de resgate da identidade cultural nordestina. Isso está nos detalhes de artesanato aplicados às roupas."
As criações podem ser vistas no
site www.naturalfashion.com.br.
(AUGUSTO PINHEIRO)
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