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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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Após dez anos de pesquisa, Estado criou sementes de algodão nas cores marrom, verde e vermelha

Tufo nasce colorido em solo paraibano

DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINA GRANDE

Sede do Centro Nacional de Pesquisa de Algodão Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Campina Grande produz algodão naturalmente colorido, nas cores marrom e verde, e já testa em vermelho. "A Paraíba é pioneira na produção desse tipo de algodão, com o lançamento das sementes da versão marrom em 2001", diz Alderi Emídio de Araújo, 41, chefe de pesquisa e desenvolvimento do centro.
Na verdade, como explica Araújo, o algodão colorido já existia na natureza, mas sem as características essenciais para o processo industrial, como resistência e fios compridos.
A Embrapa, então, cruzou a espécie com outras até chegar a uma variedade com as características ideais, em dez anos de pesquisa.
A primeira colheita do algodão marrom aconteceu nos meses de junho e julho de 2002. Hoje ele é plantado em uma área de 1.470 hectares em 24 municípios, que produzem 1.500 toneladas de algodão com caroço (cerca de 450 toneladas de pluma sem caroço). A versão verde deve ter sua primeira colheita no final do mês.
Como explica Araújo, o algodão colorido é ecologicamente correto. "O tingimento é um dos processos mais poluentes da indústria têxtil. Além disso, o produto é interessante para pessoas alérgicas a corantes", afirma.
Plantado em uma região seca, quase sem pragas, o algodão colorido precisa de pouco agrotóxico. A versão 100% orgânica está sendo desenvolvida.
A cadeia produtiva em Campina Grande inclui o consórcio Natural Fashion, formado por nove indústrias de confecção, que compra a produção de pequenos agricultores da região. Uma cooperativa tira o caroço do algodão, que é fiado e transformado em malhas em uma indústria têxtil de Campina Grande.
A tecelegam Entre Fios (www. entrefios.com.br), uma das integrantes do Natural Fashion, usa o algodão colorido para fabricar redes, jogos americanos, almofadas etc. O trabalho é feito com uma cooperativa de artesãs.
Fundada em 1995, a tecelagem vende para lojas de diversos Estados, como Pará e Ceará. Além do algodão colorido naturalmente, também usa fios tingidos.
O estilista Ângelo Rafael de Farias, 40, cria coleções de moda para o Natural Fashion com as malhas feitas de algodão colorido. "Tenho o compromisso de resgate da identidade cultural nordestina. Isso está nos detalhes de artesanato aplicados às roupas."
As criações podem ser vistas no site www.naturalfashion.com.br. (AUGUSTO PINHEIRO)


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