São Paulo, quinta-feira, 02 de julho de 2009

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"Contratextos" põe fotografia em consonância com videoarte

DO ENVIADO A CUENCA

Apesar de Madri, principal sede da 12ª edição do Photoespaña, ter mostras com nomes do porte de Cindy Sherman, Sophie Calle, Ana Mendieta e Gerhard Richter, entre vários outros, é uma pequena exposição em cartaz na Fundação Antonio Saura, em Cuenca, um dos destaques da extensa programação do evento.
"Contratextos", com curadoria de María Iovino, 47, foi a mostra organizada pela representação nacional da Colômbia para o festival. De forma criativa, conseguiu colocar a fotografia em consonância com outras linguagens, como a videoarte e o cinema, exibindo trabalhos de quatro artistas.
Oscar Muñoz e José Alejandro Restrepo estiveram na 52ª edição da Bienal de Veneza, ocorrida em 2007. Fernell Franco (1942-2006) é um artista que atualmente recebe mais atenção da crítica. Miguel Ángel Rojas tem bom trânsito em instituições internacionais.
"A exposição desconfia sempre do registro documental. Os artistas, por meio do seu olhar subjetivo, criam um contraproduto, um arquivo de imagens permeado pelo contraditório e pelos conflitos", diz a curadora.
A obra de Muñoz, por exemplo, é exemplar nesse questionamento da veracidade da imagem fotográfica e de seus "momentos decisivos".
Sua videoinstalação apresenta o trabalho incessante de um homem, que pincela com água sobre uma base de concreto rostos de colombianos comuns.
São imagens apropriadas de um arquivo público, retrabalhadas pelo artista e que se esvaem rapidamente, sob o forte sol do país. "É uma obra que passa pelo desenho, pela pintura, pela videoinstalação e pela fotografia", afirma Iovino.
"Esse olhar híbrido e interligado entre linguagens foi uma das coisas que mais persegui no Photoespaña", completa Mah.
De acordo com Iovino, os artistas presentes em "Contratextos" também têm uma forte base cinematográfica.
"Isso denota que a história da fotografia não foi tão decisiva quanto o cinema, uma arte muito mais popular. Glauber Rocha é uma influência forte em Franco, que vivia em Cali e não teve acesso aos medalhões internacionais da fotografia."
Cidade em xeque
As urbes foram tema de questionamentos de outros artistas presentes no OpenPhoto.
Em "Topos: Matizes do Lugar", o grego Nikos Markou exibe uma série, nada turística, sobre paisagens urbanas. O artista explora o confronto entre a parca natureza e as construções caóticas espalhadas por diversas cidades gregas.
O segmento de Cuenca também não deixa de lado nomes históricos, como o italiano Franco Fontana, 76, um grande colorista, que traz 50 imagens feitas nos EUA e na Europa, e Joshua Benoliel (1873-1932), um dos pioneiros da foto portuguesa. (MARIO GIOIA)


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