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"Contratextos" põe fotografia em consonância com videoarte
DO ENVIADO A CUENCA
Apesar de Madri, principal
sede da 12ª edição do Photoespaña, ter mostras com nomes
do porte de Cindy Sherman,
Sophie Calle, Ana Mendieta e
Gerhard Richter, entre vários
outros, é uma pequena exposição em cartaz na Fundação Antonio Saura, em Cuenca, um
dos destaques da extensa programação do evento.
"Contratextos", com curadoria de María Iovino, 47, foi a
mostra organizada pela representação nacional da Colômbia
para o festival. De forma criativa, conseguiu colocar a fotografia em consonância com outras
linguagens, como a videoarte e
o cinema, exibindo trabalhos
de quatro artistas.
Oscar Muñoz e José Alejandro Restrepo estiveram na 52ª
edição da Bienal de Veneza,
ocorrida em 2007. Fernell
Franco (1942-2006) é um artista que atualmente recebe mais
atenção da crítica. Miguel Ángel Rojas tem bom trânsito em
instituições internacionais.
"A exposição desconfia sempre do registro documental. Os
artistas, por meio do seu olhar
subjetivo, criam um contraproduto, um arquivo de imagens
permeado pelo contraditório e
pelos conflitos", diz a curadora.
A obra de Muñoz, por exemplo, é exemplar nesse questionamento da veracidade da imagem fotográfica e de seus "momentos decisivos".
Sua videoinstalação apresenta o trabalho incessante de um
homem, que pincela com água
sobre uma base de concreto
rostos de colombianos comuns.
São imagens apropriadas de
um arquivo público, retrabalhadas pelo artista e que se esvaem rapidamente, sob o forte
sol do país. "É uma obra que
passa pelo desenho, pela pintura, pela videoinstalação e pela
fotografia", afirma Iovino.
"Esse olhar híbrido e interligado entre linguagens foi uma
das coisas que mais persegui no
Photoespaña", completa Mah.
De acordo com Iovino, os artistas presentes em "Contratextos" também têm uma forte
base cinematográfica.
"Isso denota que a história da
fotografia não foi tão decisiva
quanto o cinema, uma arte
muito mais popular. Glauber
Rocha é uma influência forte
em Franco, que vivia em Cali e
não teve acesso aos medalhões
internacionais da fotografia."
Cidade em xeque
As urbes foram tema de
questionamentos de outros artistas presentes no OpenPhoto.
Em "Topos: Matizes do Lugar", o grego Nikos Markou exibe uma série, nada turística, sobre paisagens urbanas. O artista explora o confronto entre a
parca natureza e as construções caóticas espalhadas por
diversas cidades gregas.
O segmento de Cuenca também não deixa de lado nomes
históricos, como o italiano
Franco Fontana, 76, um grande
colorista, que traz 50 imagens
feitas nos EUA e na Europa, e
Joshua Benoliel (1873-1932),
um dos pioneiros da foto portuguesa.
(MARIO GIOIA)
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