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TERRA DE GELO
Zoologia e história são temas das conferências para os passageiros, que saem em botes infláveis para passear
Palestras e geleiras recheiam cruzeiro
DO ENVIADO ESPECIAL À PATAGÔNIA
O navio Mare Australis (www.australis.com) faz cruzeiros de
Punta Arenas (Chile) a Ushuaia
(Argentina) e vice-versa, que passam pelo estreito de Magalhães e
pelo canal de Beagle e duram de
três a quatro noites. As duas rotas
(Punta Arenas - Ushuaia e vice-versa), ambas descritas nessa reportagem, só serão realizadas novamente em setembro.
Ainda em maio, a embarcação
faz dois cruzeiros saindo na próxima quinta (6/5) e no próximo
domingo (9/5), ambos custando a
partir de US$ 490 por pessoa em
cabine dupla, valor cerca de US$
200 mais baixo do que em setembro. Essas viagens duram três noites, começam e terminam em Ushuaia e passam pelo cabo Horn.
O Mare Australis fica parado
cerca de quatro meses porque de
maio a setembro a região fica praticamente toda congelada.
Os cruzeiros aproximam os
passageiros à natureza e, às vezes,
entre si. Além disso, são "inteligentes", com palestras de zoologia, geografia e história com pitadas de antropologia, proferidas de
maneira profunda, porém leve.
A bordo, desfruta-se de um razoável conforto, sem luxo nem
formalidade. Os passageiros desembarcam uma ou duas vezes
por dia, em botes, rumo a praias,
bosques e geleiras: enquanto provam a aventura, são reduzidos a
dimensões mínimas pela paisagem imponente e taciturna.
Os botes infláveis são eficientes
e seguros; e os passeios, sempre
calculados para que todos participem. Quem tem preguiça relaxa
nas praias de pedras.
As refeições têm boa qualidade
e um dos pratos principais é o
"centollo", um tipo de lagosta que
vive na região. Contudo por vezes
o passageiro sente falta de algo saboroso e leve, mais em sintonia
com o espírito de expedição.
Os vinhos não fazem justiça à
qualidade chilena, mas melhoram
se forem servidos no decantador,
o que pode ser solicitado ao sommelier do navio, Jorge Gonzales.
Ao fazer a reserva, o passageiro
deve ter o cuidado de evitar as cabines de proa no segundo piso,
pois elas estão em cima da âncora:
o barulho é muito forte e, quando
o navio pára de madrugada, o
despertar pode ser traumático.
Com uma tripulação de 40 pessoas para servir 129 passageiros, a
embarcação tem gente de todas as
nacionalidades. Mauricio Güelnao, chefe dos guias, fala alemão
e, conta ter testemunhado num
cruzeiro um encontro entre um
americano e um alemão. Ao ajudá-los a se entender, descobriu
que eles haviam combatido em
Nápoles no mesmo período durante a Segunda Guerra Mundial.
O abraço foi longo.
(VS)
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