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Dia:Beacon é ótima escapada de NY
Museu em antiga fábrica fica a pouco mais de uma hora da cidade em viagem de trem pela margem do Hudson
Espaço generoso reúne obras de artistas como Andy Warhol e Richard Serra, que marcaram a arte contemporânea
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
O passeio já começa muito
bem, e torna-se incrível
quando o trem que parte da
estação Grand Central, em
NY, e segue pelas margens
do Hudson, deixa o visitante
na estação de Beacon.
A cinco minutos de caminhada está o museu da Dia
Art Foundation (www.diabeacon.org), que reúne vasta coleção com obras produzidas, em sua maior parte,
nas décadas de 1960 e 1970.
A palavra "dia" vem do
grego e quer dizer "através".
Foi escolhida para dar nome
à instituição (fundada por
Heiner Friedrich e Philippa
de Menil), que é pioneira na
ideia de aproveitar galpões
industriais para exposições.
No caso, o "galpão" é uma
antiga fábrica da Nabisco,
numa elevação próxima ao
rio, com cerca 22,3 mil metros
quadrados de iluminada
área para exibições.
Ali podem ser vistas mais
de duas dezenas de mostras
permanentes montadas em
espaços generosos com trabalhos de alguns dos mais
respeitados nomes da arte
contemporânea.
Espécie de templo do minimalismo, a Dia:Beacon, como é conhecida, reúne expoentes dessa vertente que, a
partir da década de 1960,
produziu um tipo mais "ascético" e rigoroso de arte, em
contraste com o expressionismo de anos anteriores.
Entre os artistas que fazem
parte da tendência (embora
alguns tenham rejeitado o rótulo) pode-se ver Donald
Judd, Dan Flavin, Michael
Heizer e Fred Sandback. Mas
tem muito mais.
Ali estão a pop art de Andy
Warhol, que ocupa sala gigantesca com variações de
uma mesma imagem, e o experimentalismo de Joseph
Beuys, o artista alemão que
criou o movimento Fluxus e
marcou a história da arte
com performances e instalações antológicas.
Pode-se ver também muitas obras, entre elas uma aranha, da francesa Louise
Bourgeois, que morreu nesta
semana, e de Bruce Nauman,
conhecido pelos trabalhos
em neon, mas também autor
de instalações que exploram
som, esculturas e vídeos.
Um dos heróis da arte dos
anos 60, Nauman foi a estrela do premiado pavilhão dos
Estados Unidos na Bienal de
Veneza do ano passado.
Para os admiradores da
"land art" ou "earth art" (que
trabalha com a relação entre
arte e território ou paisagem), o cara a ser visto é Robert Smithson. Mas nada supera (ao menos na opinião
deste visitante) as esculturas
metálicas de grandes proporções de Richard Serra.
Além de uma obra-prima
intitulada "União de Torus e
Esfera" (2001), que lembra
uma espécie de embarcação
deformada, a Dia expõe uma
sequência de "Duplas Elipses Torcidas", obras nas
quais o visitante pode penetrar. Estruturas sensuais,
com variações em caracol, foram concebidas após visita
do artista, em 1997, à igreja
de San Carlo Alle Quattro
Fontane, em Roma -do barroco Francesco Borromini. A
Dia:Beacon fica a uma hora e
20 minutos de Nova York, e
na ida o melhor é se sentar do
lado esquerdo do trem para
curtir a paisagem. Tem um
café na própria instituição,
mas dali se vê o único restaurante do lugar -cuja "pièce
de résistance" é uma boa costelinha de porco.
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