São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2001

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HUMOR NO INTERIOR

Salão tem 28 anos

Em imagens, Piracicaba faz troça com o mundo

CAROL FREDERICO
MARGARETE MAGALHÃES


ENVIADAS ESPECIAIS A PIRACICABA

Humor fino, humor escrachado, humor mal-educado, humor sensual, humor ininteligível. Pode ser que a cura para infortúnios como o recente apagão esteja a 162 km de SP, no 28º Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Partindo do dito de que é melhor rir para não chorar, alguns jovens um bocado críticos e com senso de humor tiveram a idéia de criar um evento que reunisse os principais artistas gráficos do país. Isso foi em 1974, em plena ditadura militar, e lá estavam Mil-lôr, Ziraldo, Jaguar, Ciça, Alcy e Zélio, entre outros, que viam no humor uma forma de resistência.
Após 28 anos, a cidade é reconhecida por ser sede do segundo mais importante salão internacional de humor do mundo, apenas atrás do Japão. Desde 25 de agosto e pelo terceiro ano consecutivo, o Salão Internacional de Humor de Piracicaba acontece nos armazéns do parque Engenho Central, onde estão reunidas as obras dos melhores cartunistas do mundo.
Para este ano, foram selecionados 251 trabalhos, entre os 1.304 inscritos, de 40 países. O evento conta também com 13 mostras paralelas no próprio engenho.

Atrações
Paulo Caruso, presidente da comissão organizadora do salão neste ano, armou, num dos armazéns do engenho, a "exposição-parque de diversões" "As Bolas da Vez", em que crianças interagem com alguns personagens públicos reproduzidos pelo cartunista.
Entre os expositores, a hegemonia é masculina, mas com a mostra "Radical Chic" as mulheres ganham destaque nas divagações de Miguel Paiva sobre o universo feminino. Há ainda espaço para os desenhos de Alcy, Dálcio e da Fábrica de Quadrinhos.
Um dos trabalhos que mais chamam a atenção, não só por sua dimensão, mas também por sua importância, é o "Mural do Canecão", de Ziraldo, originalmente pintado em afresco na casa de espetáculos carioca, em 1967. A obra, que demorou cerca de cinco meses para ficar pronta e talvez seja a maior desse tipo no Brasil, foi destruída anos depois.
A idéia de reproduzir o "Mural do Canecão" partiu de Paulo Caruso. Ao ouvir a proposta, Ziraldo disse que, se Caruso realizasse o feito, se casaria com ele.
Ziraldo e Caruso não se casaram, mas com uma mãozinha da tecnologia, o imenso cartum de 180 m2 pode ser visto na edição deste ano do salão, em tamanho real. Entre as histórias, o autor se lembra de que havia se "esquecido da mulherada" e acabou pintando todas elas chegando ao bar.

Alternativas
Além do salão, há cultura e diversão na cidade. O próprio local da exposição foi tombado em 1989, e uma igreja perto do centro acolhe afrescos do pintor italiano Volpi -ambas atrações relacionadas à ascensão e à decadência da indústria açucareira (leia mais nas págs. F6 e F7).
Se a famosa pinga local é escassa e o rio Piracicaba já não é tão caudaloso como antigamente, há restaurantes e casas abertas até as seis da manhã, que garantem ao turista viagem sem mau humor.


28º Salão Internacional de Humor de Piracicaba - Até 14 de outubro. No parque Engenho Central (av. Maurice Allain, nº 454, tel. 0/xx/19/421-3296), das 10h às 21h. Grátis. Na internet: www.salaodehumor.com.br.



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