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HUMOR NO INTERIOR
Salão tem 28 anos
Em imagens, Piracicaba faz troça com o mundo
CAROL FREDERICO
MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADAS ESPECIAIS A PIRACICABA
Humor fino, humor escrachado, humor mal-educado, humor
sensual, humor ininteligível. Pode
ser que a cura para infortúnios como o recente apagão esteja a 162
km de SP, no 28º Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Partindo do dito de que é melhor rir para não chorar, alguns
jovens um bocado críticos e com
senso de humor tiveram a idéia de
criar um evento que reunisse os
principais artistas gráficos do
país. Isso foi em 1974, em plena
ditadura militar, e lá estavam Mil-lôr, Ziraldo, Jaguar, Ciça, Alcy e
Zélio, entre outros, que viam no
humor uma forma de resistência.
Após 28 anos, a cidade é reconhecida por ser sede do segundo
mais importante salão internacional de humor do mundo, apenas
atrás do Japão. Desde 25 de agosto e pelo terceiro ano consecutivo,
o Salão Internacional de Humor
de Piracicaba acontece nos armazéns do parque Engenho Central,
onde estão reunidas as obras dos
melhores cartunistas do mundo.
Para este ano, foram selecionados 251 trabalhos, entre os 1.304
inscritos, de 40 países. O evento
conta também com 13 mostras
paralelas no próprio engenho.
Atrações
Paulo Caruso, presidente da comissão organizadora do salão
neste ano, armou, num dos armazéns do engenho, a "exposição-parque de diversões" "As Bolas da
Vez", em que crianças interagem
com alguns personagens públicos
reproduzidos pelo cartunista.
Entre os expositores, a hegemonia é masculina, mas com a mostra "Radical Chic" as mulheres
ganham destaque nas divagações
de Miguel Paiva sobre o universo
feminino. Há ainda espaço para
os desenhos de Alcy, Dálcio e da
Fábrica de Quadrinhos.
Um dos trabalhos que mais chamam a atenção, não só por sua dimensão, mas também por sua importância, é o "Mural do Canecão", de Ziraldo, originalmente
pintado em afresco na casa de espetáculos carioca, em 1967. A
obra, que demorou cerca de cinco
meses para ficar pronta e talvez
seja a maior desse tipo no Brasil,
foi destruída anos depois.
A idéia de reproduzir o "Mural
do Canecão" partiu de Paulo Caruso. Ao ouvir a proposta, Ziraldo
disse que, se Caruso realizasse o
feito, se casaria com ele.
Ziraldo e Caruso não se casaram, mas com uma mãozinha da
tecnologia, o imenso cartum de
180 m2 pode ser visto na edição
deste ano do salão, em tamanho
real. Entre as histórias, o autor se
lembra de que havia se "esquecido da mulherada" e acabou pintando todas elas chegando ao bar.
Alternativas
Além do salão, há cultura e diversão na cidade. O próprio local
da exposição foi tombado em
1989, e uma igreja perto do centro
acolhe afrescos do pintor italiano
Volpi -ambas atrações relacionadas à ascensão e à decadência
da indústria açucareira (leia mais
nas págs. F6 e F7).
Se a famosa pinga local é escassa
e o rio Piracicaba já não é tão caudaloso como antigamente, há restaurantes e casas abertas até as
seis da manhã, que garantem ao
turista viagem sem mau humor.
28º Salão Internacional de Humor
de Piracicaba - Até 14 de outubro. No
parque Engenho Central (av. Maurice
Allain, nº 454, tel. 0/xx/19/421-3296),
das 10h às 21h. Grátis. Na internet:
www.salaodehumor.com.br.
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