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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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EXPERIÊNCIA NA BAGAGEM

Empresas de turismo não aproveitam mercado potencial de pessoas com mais tempo livre

Melhor idade para viajar pode ser após os 60

MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Eufemismo à parte, muitas pessoas com mais de 60 anos estão realmente na melhor idade para viajar. Com os filhos criados e a aposentadoria, sobram mais tempo e, às vezes, dinheiro para desbravar o Brasil e o mundo. E esse público ainda tem a vantagem de poder embarcar na baixa temporada, quando passagens aéreas, hotéis e pacotes são mais baratos, e os destinos têm menos gente.
O casal de aposentados Margarida, 67, e Ioshitoki Itaya, 69, são exemplos de turistas que representam esse universo. "Antes era impossível viajar. Éramos donos de uma joalheria e tínhamos que ficar o tempo todo na loja. Só dava para passar o domingo em Bertioga", conta Margarida. Após a aposentadoria, há quatro anos, ambos já conheceram Pantanal, serras gaúchas, Foz, Curitiba, ilha do Mel, chapada Diamantina e Lençóis Maranhenses.
Também Inge Pickert, 61, passou a viajar mais depois que o marido se aposentou. "Todo ano vamos ao Nordeste", diz Pickert, que tem filho e netos na Alemanha e às vezes escapa para lá.
Mas para quem vive só de aposentadoria fica muito caro viajar, na opinião de Vicentina Ranieri de Paula, 63. No ano passado ela foi para a Espanha e a Itália, mas ganhou a passagem da filha.
Os números não desmentem Vicentina. Enquanto nos EUA a terceira idade representa 80% do turismo doméstico, esse número cai para 20% no Brasil.
Faltam incentivos para atrair esse mercado potencial, como acontece nos EUA e na Europa. Na Espanha, por exemplo, o governo oferece viagens para esse público a preços reduzidos.
Já no Brasil, os membros da Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade (ABCMI) ganham 40% de desconto nas passagens da Vasp, porém a entidade não conseguiu acordos semelhantes com as outras companhias aéreas. "Os aposentados não reclamam de fazer trechos domésticos à noite, por exemplo, quando os aviões estão vazios", diz Nadir Parigot, 65, presidente da ABCMI.
A associação deve assinar em breve um protocolo de cooperação com o Ministério do Turismo para que, entre outras coisas, este sirva de interlocutor com empresários do turismo para negociar facilidades para a maior idade.



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