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EXPERIÊNCIA NA BAGAGEM
Empresas de turismo não aproveitam mercado potencial de pessoas com mais tempo livre
Melhor idade para viajar pode ser após os 60
MARISTELA DO VALLE
DA REPORTAGEM LOCAL
Eufemismo à parte, muitas pessoas com mais de 60 anos estão
realmente na melhor idade para
viajar. Com os filhos criados e a
aposentadoria, sobram mais tempo e, às vezes, dinheiro para desbravar o Brasil e o mundo. E esse
público ainda tem a vantagem de
poder embarcar na baixa temporada, quando passagens aéreas,
hotéis e pacotes são mais baratos,
e os destinos têm menos gente.
O casal de aposentados Margarida, 67, e Ioshitoki Itaya, 69, são
exemplos de turistas que representam esse universo. "Antes era
impossível viajar. Éramos donos
de uma joalheria e tínhamos que
ficar o tempo todo na loja. Só dava
para passar o domingo em Bertioga", conta Margarida. Após a aposentadoria, há quatro anos, ambos já conheceram Pantanal, serras gaúchas, Foz, Curitiba, ilha do
Mel, chapada Diamantina e Lençóis Maranhenses.
Também Inge Pickert, 61, passou a viajar mais depois que o marido se aposentou. "Todo ano vamos ao Nordeste", diz Pickert,
que tem filho e netos na Alemanha e às vezes escapa para lá.
Mas para quem vive só de aposentadoria fica muito caro viajar,
na opinião de Vicentina Ranieri
de Paula, 63. No ano passado ela
foi para a Espanha e a Itália, mas
ganhou a passagem da filha.
Os números não desmentem
Vicentina. Enquanto nos EUA a
terceira idade representa 80% do
turismo doméstico, esse número
cai para 20% no Brasil.
Faltam incentivos para atrair esse mercado potencial, como
acontece nos EUA e na Europa.
Na Espanha, por exemplo, o governo oferece viagens para esse
público a preços reduzidos.
Já no Brasil, os membros da Associação Brasileira dos Clubes da
Melhor Idade (ABCMI) ganham
40% de desconto nas passagens
da Vasp, porém a entidade não
conseguiu acordos semelhantes
com as outras companhias aéreas.
"Os aposentados não reclamam
de fazer trechos domésticos à noite, por exemplo, quando os aviões
estão vazios", diz Nadir Parigot,
65, presidente da ABCMI.
A associação deve assinar em
breve um protocolo de cooperação com o Ministério do Turismo
para que, entre outras coisas, este
sirva de interlocutor com empresários do turismo para negociar
facilidades para a maior idade.
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