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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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Relaxamento, pelicanos e esportes esperam turista a 15 minutos de viagem de barco a partir de Cancún

Ilha é feminina desde a colonização maia

DO ENVIADO ESPECIAL AO MÉXICO

A cerca de 15 minutos de barco e a 14 km da animada Cancún fica um lugar ideal para relaxar e repor as energias.
A pequena ilha Mulheres tem apenas sete quilômetros de comprimento por um quilômetro de largura. Mas o pouco espaço guarda boas surpresas.
A água calma, azul como a de Cancún, permite a prática da natação sem dificuldades.
Pelicanos, quase sempre mergulhando à caça de peixes, e kawits, aves nativas que fisgam pães do café da manhã dos turistas, enfeitam a paisagem insular.
Para quem não quiser relaxar muito e gostar de aventuras, o destino é o parque Garrafon.
Ali podem-se praticar mergulho com snorkel, escalada, canoagem e corda tirolesa. Depois das aventuras, redes penduradas em árvores convidam ao descanso.
O parque guarda construções históricas em sua área, como o farol da ilha e ruínas maias. O ingresso custa US$ 15; crianças de seis a 12 anos pagam US$ 8. Quem tem menos dessa idade não paga.
A ilha Mulheres tem 15 mil habitantes. Todos os dias cerca de 3.000 turistas aportam ali, a maioria dos EUA. Turismo e pesca são as bases da economia local.
Os bares e os restaurantes da região acolhem os visitantes com simplicidade. Vale a pena caminhar no fim da tarde pelas ruas do centro, onde se vende todo tipo de artesanato local e de outras regiões do México, por exemplo, cerâmica, madeira talhada e tapete de Chiapas, entre outros objetos.

Mulherada
A origem do nome da ilha-no espanhol, Isla Mujeres- tem algumas explicações.
Uma delas remonta ao século 16, quando o primeiro desbravador da região, Francisco Hernandéz de Córdoba, atracou na ilha e viu um lugarejo cheio de belas moças. Daí surgiu a idéia do primeiro nome: "Punta Mujeres".
Uma segunda versão dos historiadores aponta para outra chegada: a dos exploradores espanhóis, em 1517. No dia em que os colonizadores chegaram, os homens da ilha pescavam. Naquele momento, somente as mulheres ocupavam o solo, encantando os bravos forasteiros.
Mas mesmo antes disso, durante a ocupação maia, a ilha já tinha ares femininos. A porção de terra era chamada Ixchel (deusa da fertilidade). As moças virgens, antes de se casar, iam ao lugarejo pedir a fertilidade em rituais à deusa. Além de gerar filhos, as donzelas também rogavam que o parto fosse livre de complicações.

Amor pirata
Nos séculos 17 e 18, ilha Mulheres foi refúgio de piratas caribenhos. Nativos afirmam que existem ali muitos tesouros, enterrados há centenas de anos.
Um dos piratas que passaram pela ilha, Fermín Mundaca foi um marco para a história local. Tanto que a sua fazenda virou museu.
Mundaca atracou na ilha Mulheres em um entardecer de 1858, com 33 anos. Conheceu a nativa Martiniana Gómez, conhecida como La Trigueña, e, apaixonado, construiu uma monumental fazenda para dar-lhe proteção e iniciar ali uma união duradoura. Mas a moça não correspondeu ao seu amor. Após a decepção, ninguém mais teve notícias do pirata.
O túmulo do lobo-do-mar está na cidade de Mérida. Dizem que o excesso de bebida alcoólica e a desilusão amorosa foram as principais razões de sua morte.
Em seu jazigo, há o epitáfio: "Como tu és, eu fui, o que eu sou, logo tú serás". (RODRIGO RAINHO)


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