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EUROPA NOS TRILHOS
São 80 mil partidas diárias de vagões que circulam por 250 mil km de ferrovias, chegando a 320 km/h
Trem possibilita passeio por vários países
Michel Euler/Associated Press
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BALA
Dois trens de alta velocidade, o alemão, à esq. na pág., e o francês, à dir., na Gare de l'Est, em Paris; viajar sobre trilhos evita processos de check-in e de check-out
SILVIO CIOFFI
ENVIADO ESPECIAL À EUROPA
Que tal tomar café da manhã
no Fouquet's-Barrière, o pós-moderno cinco estrelas inaugurado há pouco em Paris; almoçar em Bruxelas com Jean-Pierre Bruneau, chef de restaurante estrelado pelo guia "Michelin"; e, de noite, jantar na
megaloja de luxo Harrod's, em
Londres, onde, auspiciado pelo
Turismo Espanhol, um balcão
servia tapas e queijos, vinhos e
doce de figo? Esse périplo gastronômico por três países foi
realizado num único dia pela
Folha a bordo de trens.
Com uma malha ferroviária
de dar nó -250 mil quilômetros de trilhos e 80 mil partidas
diárias-, a Europa continental
combina composições de alta
velocidade, como o TGV francês e o ICE alemão, com simpáticos trenzinhos panorâmicos
movidos a cremalheira, caso do
GoldenPass e do Train du Chocolat suíços.
E há ainda o sempre noticiado Eurostar, que cruza Paris e
Londres por baixo do canal da
Mancha, ligando através do Eurotúnel as Ilhas Britânicas ao
continente europeu propriamente dito.
Unindo os diversos roteiros,
passes comercializados no Brasil pela Rail Europe (www.raileurope.com) resgatam a possibilidade praticamente ilimitada de conexões e de ligações
entre cidades europeias em
países limítrofes.
Mas, mesmo planejando já,
prefira viajar de trem entre o
início de junho e fim de setembro, quando as temperaturas
são amenas -o verão europeu
coincide com nosso inverno.
Mais fácil que voar?
Se bem pensados, os percursos de trem pela Europa dão a
oportunidade de perambular
entre centros urbanos cheios
de história sem a necessidade
fazer check-in e check-out e de
tomar táxis até os aeroportos,
que costumam ser longínquos.
Dentro do trem, a viagem
transcorre pacata, mesmo se o
vagão estiver se deslocando a
320 km/h, no caso do um TGV,
um trem tão moderno que tem
muitas vezes interiores desenhados pelo estilista ultracontemporâneo Christian Lacroix.
Durante o trajeto é ainda
possível encontrar tempo para
frequentar o sempre animado
vagão-restaurante, trabalhar
no seu próprio computador e,
se o trajeto escolhido for cênico, apreciar belas paisagens.
Mas há cuidados especiais a
tomar: quem viaja com malas
pesadas e roupas inadequadas,
pena na plataforma. O trem não
espera -aliás, costuma sair na
hora exata!-, e não há quem
ajude a carregar as malas degrau acima para entrar num
dos vagões dos trens que ligam,
em ritmo frenético, as grandes
metrópoles da Europa.
Bagagens grandes normalmente não cabem no maleiro
da cabine do trem e têm de ser
deixadas no porta-bagagens
entre os vagões, sugerindo ao
passageiro um certo olho vivo
nas paradas.
Há vagões de luxo e outros
mais simples, embora todos os
trens europeus sejam modernos e confortáveis. E há trens
expressos, que param pouco; e
outros locais, panorâmicos, que
mostram a paisagem campestre e as montanhas ou, em áreas
de densidade demográfica, logradouros fabris.
Descobrindo caminhos
Estude bem o seu roteiro,
monte uma viagem combinando horários em que você possa
caminhar por cidades de forma
conveniente sem, necessariamente, dormir nelas.
Evite pernoitar no trem: ao
contrário do que parece, esse é
um expediente mais caro e menos confortável. Quem faz viagens noturnas precisa, para ter
conforto, pagar por uma couchette no vagão leito.
Aí, mesmo que tenha um passe da Rail Europe (cujo site em
português é www.raileurope.com.br), que, flexível,
dá direito a ilimitadas viagens
por países contíguos, precisa gastar mais
uns euros para usar o beliche.
Além disso, mesmo trens
modernos balançam e param.
Dormir a bordo é certamente
menos relaxante que pernoitar
num quarto de hotel.
SILVIO CIOFFI, editor de Turismo da Folha, viajou a convite da TAM e da Rail Europe
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