São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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EUROPA NOS TRILHOS
São 80 mil partidas diárias de vagões que circulam por 250 mil km de ferrovias, chegando a 320 km/h

Trem possibilita passeio por vários países

Michel Euler/Associated Press
BALA
Dois trens de alta velocidade, o alemão, à esq. na pág., e o francês, à dir., na Gare de l'Est, em Paris; viajar sobre trilhos evita processos de check-in e de check-out

SILVIO CIOFFI
ENVIADO ESPECIAL À EUROPA

Que tal tomar café da manhã no Fouquet's-Barrière, o pós-moderno cinco estrelas inaugurado há pouco em Paris; almoçar em Bruxelas com Jean-Pierre Bruneau, chef de restaurante estrelado pelo guia "Michelin"; e, de noite, jantar na megaloja de luxo Harrod's, em Londres, onde, auspiciado pelo Turismo Espanhol, um balcão servia tapas e queijos, vinhos e doce de figo? Esse périplo gastronômico por três países foi realizado num único dia pela Folha a bordo de trens.
Com uma malha ferroviária de dar nó -250 mil quilômetros de trilhos e 80 mil partidas diárias-, a Europa continental combina composições de alta velocidade, como o TGV francês e o ICE alemão, com simpáticos trenzinhos panorâmicos movidos a cremalheira, caso do GoldenPass e do Train du Chocolat suíços.
E há ainda o sempre noticiado Eurostar, que cruza Paris e Londres por baixo do canal da Mancha, ligando através do Eurotúnel as Ilhas Britânicas ao continente europeu propriamente dito. Unindo os diversos roteiros, passes comercializados no Brasil pela Rail Europe (www.raileurope.com) resgatam a possibilidade praticamente ilimitada de conexões e de ligações entre cidades europeias em países limítrofes.
Mas, mesmo planejando já, prefira viajar de trem entre o início de junho e fim de setembro, quando as temperaturas são amenas -o verão europeu coincide com nosso inverno.

Mais fácil que voar?
Se bem pensados, os percursos de trem pela Europa dão a oportunidade de perambular entre centros urbanos cheios de história sem a necessidade fazer check-in e check-out e de tomar táxis até os aeroportos, que costumam ser longínquos.
Dentro do trem, a viagem transcorre pacata, mesmo se o vagão estiver se deslocando a 320 km/h, no caso do um TGV, um trem tão moderno que tem muitas vezes interiores desenhados pelo estilista ultracontemporâneo Christian Lacroix. Durante o trajeto é ainda possível encontrar tempo para frequentar o sempre animado vagão-restaurante, trabalhar no seu próprio computador e, se o trajeto escolhido for cênico, apreciar belas paisagens.
Mas há cuidados especiais a tomar: quem viaja com malas pesadas e roupas inadequadas, pena na plataforma. O trem não espera -aliás, costuma sair na hora exata!-, e não há quem ajude a carregar as malas degrau acima para entrar num dos vagões dos trens que ligam, em ritmo frenético, as grandes metrópoles da Europa.
Bagagens grandes normalmente não cabem no maleiro da cabine do trem e têm de ser deixadas no porta-bagagens entre os vagões, sugerindo ao passageiro um certo olho vivo nas paradas.
Há vagões de luxo e outros mais simples, embora todos os trens europeus sejam modernos e confortáveis. E há trens expressos, que param pouco; e outros locais, panorâmicos, que mostram a paisagem campestre e as montanhas ou, em áreas de densidade demográfica, logradouros fabris.

Descobrindo caminhos
Estude bem o seu roteiro, monte uma viagem combinando horários em que você possa caminhar por cidades de forma conveniente sem, necessariamente, dormir nelas. Evite pernoitar no trem: ao contrário do que parece, esse é um expediente mais caro e menos confortável. Quem faz viagens noturnas precisa, para ter conforto, pagar por uma couchette no vagão leito.
Aí, mesmo que tenha um passe da Rail Europe (cujo site em português é www.raileurope.com.br), que, flexível, dá direito a ilimitadas viagens por países contíguos, precisa gastar mais uns euros para usar o beliche. Além disso, mesmo trens modernos balançam e param. Dormir a bordo é certamente menos relaxante que pernoitar num quarto de hotel.

SILVIO CIOFFI, editor de Turismo da Folha, viajou a convite da TAM e da Rail Europe



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