São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2006

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PATRIMÔNIO APIMENTADO

Monte Albán, Mitla e Yagul exemplificam a organização das cidades de povo pré-hispânico

Ruínas zapotecas se enfileiram por vale a leste de Oaxaca

DA ENVIADA ESPECIAL AO MÉXICO

Ao redor de Oaxaca há muitos sítios arqueológicos com ruínas de cidades zapotecas e mixtecas. A tribo zapoteca teve seu auge entre 250 e 950 d.C. Havia algumas cidades desse povo espalhadas pelos vales de Oaxaca, como o vale de Tlacolula, a leste da capital do Estado. No século 13, os mixtecas conquistaram os zapotecas.
O centro do povo zapoteca era Monte Albán, que fica bem ao lado de Oaxaca. Portanto, quem não for muito fã de visitar ruínas pode ir só a esse.
Mas deve saber que estará perdendo ao não ir a Mitla, a 46 km da cidade, que é único por colecionar delicados mosaicos de pedra cravados em suas paredes.
E quem adorar história ainda deve parar em Yagul, a 34 km de Oaxaca, na mesma estrada que leva a Mitla. Esse tem um poderoso forte em cima de um morro de onde se avistam vales e ruínas.
Há ainda outros sítios arqueológicos no vale de Tlacolula, como Lambityeco e Dainzú.

Capital
Monte Albán fica em uma colina a oeste de Oaxaca. A cidade é linda, com um claro eixo norte-sul. Nas duas pontas, ficam as duas principais edificações. O destaque do sítio são os dançantes, entalhes na pedra mostrando figuras humanas em poses que remetem a danças. Na verdade, são prisioneiros mutilados e torturados. Há diversas peças expostas na grama e uma pequena saleta que mantém as pedras na parede, como era no princípio.
O melhor horário para visitar Monte Albán é no final da tarde. Os enormes grupos de turistas e estudantes logo começam a ir embora, a luz começa a ficar mais bonita, criando sombras enormes. Mas tudo tem um preço: com o finzinho da tarde chegando, quem está no sítio vai sendo gentilmente expulso e pode vir a tomar broncas.

Delicada
Uma pequena cidade empoeirada guarda as ruínas de Mitla. Esse sítio é pitoresco por estar espalhado entre casinhas e barracas -que aproveitam para vender coisas para turistas. Mitla é única por seus mosaicos, feitos de precisos e preciosos encaixes de pedra.
Enquanto Monte Albán era a capital zapoteca, Mitla era seu centro religioso. Ali viviam sacerdotes. A igreja católica que fica no centro das ruínas, bastante imponente, é feita toda de pedra. Detalhe: as pedras da igreja foram retiradas dos templos.

Esportivo
Na volta de Mitla para Oaxaca, não custa nada parar em Yagul, a 34 km de Oaxaca. Esse sítio arqueológico também zapoteca -que se tornou a principal cidade desse povo após o declínio de Monte Albán- tem uma graça especial. À direita da entrada das ruínas, há uma trilha que sobe uma montanha. Lá no pico, há resquícios de um forte. A localização é auto-explicativa. De lá avistam-se vales em todas as direções.
Na parte de baixo das ruínas, onde ficava a cidade propriamente dita, há um labirinto de paredes, que era, provavelmente, a casa do líder local. Mas o mais legal de Yagul é o seu campo de "juego de pelota" (jogo de bola), o segundo maior do México, atrás apenas do que existe em Chichén Itzá. O "juego", chamado de taladzi em zapoteca, é uma espécie de basquete, em que os jogadores tinham de acertar a pelota em um aro. Tratava-se de um ritual religioso para manter a terra fértil. Os perdedores eram decapitados, e o seu sangue vertido sobre a terra.
(HELOISA LUPINACCI)


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