São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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Maître dá mais sabor ao Tio Bobs

DA ENVIADA ESPECIAL A PORTILLO

Depois de gastar energias nas pistas de Portillo, o corpo merece uma boa refeição. E melhor ainda se essa comida for servida a 3.200 m de altitude, acompanhada da simpatia de um experiente maître contador de histórias.
"Todo o cuidado com o atendimento é pouco, porque as pessoas passam muito tempo no hotel", explica Juan Beiza, 57, maître do restaurante Tio Bobs, que fica no pico da montanha -aonde se chega somente de teleférico ou helicóptero- e oferece uma vista sensacional da cordilheira dos Andes e da laguna del Inca.
Beiza está em sua 37ª temporada em Portillo. Chegou ali em janeiro de 1968 e, desde então, sua simpatia o torna popular entre os hóspedes brasileiros. Há famílias que ele atende há gerações.
Ele conta o caso de Silvana -de quem ele não lembra o sobrenome-, que veio à estação pela primeira vez quando era menina. Ela se apegou a Beiza e, na hora de ir embora, queria que ele fosse junto. Quando chegou em casa, a menina adoentou-se, de saudades. Os pais então mandaram buscar o maître no Chile. Ele não foi, mas ela volta para lá todos os anos. Agora, leva os filhos pequenos.
Beiza se lembra ainda da história de Miguel, um garoto levado, que vivia aprontando no restaurante. Um dia, ele foi até obrigado a dar uma bronca no menino, que tinha então cinco anos. Hoje, Miguel Purcell é o gerente do hotel e chefe de Beiza.
O calor humano e o clima de amizade são, segundo ele, as principais qualidades do atendimento na estação. Para o mâitre, essas características surpreendem principalmente hóspedes norte-americanos. "Eles estão acostumados a um serviço quadrado, apenas eficiente", diz.
Elegante, quando questionado sobre celebridades que freqüentam as pistas de Portillo, responde: "Aqui não há estrelas, todos brilham por igual".
Comandado pelo chef Rafael Figueroa, o Tio Bobs serve uma variedade de pratos da cozinha internacional. Os destaques são os frutos do mar, mas as sobremesas são um show à parte, porque utilizam as frutas locais, como o delicioso bolo de creme de lúcuma e a musse de zarzaparrilla, que tem um toque azedo.
Existe também o auto-serviço -restaurante por quilo-, que é mais simples, porém mais animado, em que funcionários e hóspedes almoçam juntos.

Noite
A noite em Portillo não é nada "gelada" -ao contrário, é bem agitada. Por volta das 20h, toma-se um drinque no bar, ao som de um piano que toca muita música brasileira. Às 21h30, os hóspedes passam ao restaurante principal, para o jantar. Depois, volta-se ao bar, que tem de novo música ao vivo, com bandas de Santiago.
As apresentações duram até a meia-noite. Mas ainda é cedo para ir dormir: no subsolo funciona uma discoteca, que fica aberta até que o último hóspede vá embora.
Se ainda sobrar fôlego, há o restaurante La Posada, que funciona também como danceteria e fica a cerca de 500 metros do hotel.
É um lugar rústico, onde os funcionários se encontram depois do trabalho. E a festa não tem hora para acabar. (VJ)

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