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Maître dá mais sabor ao Tio Bobs
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTILLO
Depois de gastar energias nas
pistas de Portillo, o corpo merece
uma boa refeição. E melhor ainda
se essa comida for servida a 3.200
m de altitude, acompanhada da
simpatia de um experiente maître
contador de histórias.
"Todo o cuidado com o atendimento é pouco, porque as pessoas
passam muito tempo no hotel",
explica Juan Beiza, 57, maître do
restaurante Tio Bobs, que fica no
pico da montanha -aonde se
chega somente de teleférico ou
helicóptero- e oferece uma vista
sensacional da cordilheira dos
Andes e da laguna del Inca.
Beiza está em sua 37ª temporada em Portillo. Chegou ali em janeiro de 1968 e, desde então, sua
simpatia o torna popular entre os
hóspedes brasileiros. Há famílias
que ele atende há gerações.
Ele conta o caso de Silvana -de
quem ele não lembra o sobrenome-, que veio à estação pela primeira vez quando era menina. Ela
se apegou a Beiza e, na hora de ir
embora, queria que ele fosse junto. Quando chegou em casa, a menina adoentou-se, de saudades.
Os pais então mandaram buscar o
maître no Chile. Ele não foi, mas
ela volta para lá todos os anos.
Agora, leva os filhos pequenos.
Beiza se lembra ainda da história de Miguel, um garoto levado,
que vivia aprontando no restaurante. Um dia, ele foi até obrigado
a dar uma bronca no menino, que
tinha então cinco anos. Hoje, Miguel Purcell é o gerente do hotel e
chefe de Beiza.
O calor humano e o clima de
amizade são, segundo ele, as principais qualidades do atendimento
na estação. Para o mâitre, essas
características surpreendem principalmente hóspedes norte-americanos. "Eles estão acostumados
a um serviço quadrado, apenas
eficiente", diz.
Elegante, quando questionado
sobre celebridades que freqüentam as pistas de Portillo, responde: "Aqui não há estrelas, todos
brilham por igual".
Comandado pelo chef Rafael Figueroa, o Tio Bobs serve uma variedade de pratos da cozinha internacional. Os destaques são os
frutos do mar, mas as sobremesas
são um show à parte, porque utilizam as frutas locais, como o delicioso bolo de creme de lúcuma e a
musse de zarzaparrilla, que tem
um toque azedo.
Existe também o auto-serviço
-restaurante por quilo-, que é
mais simples, porém mais animado, em que funcionários e hóspedes almoçam juntos.
Noite
A noite em Portillo não é nada
"gelada" -ao contrário, é bem
agitada. Por volta das 20h, toma-se um drinque no bar, ao som de
um piano que toca muita música
brasileira. Às 21h30, os hóspedes
passam ao restaurante principal,
para o jantar. Depois, volta-se ao
bar, que tem de novo música ao
vivo, com bandas de Santiago.
As apresentações duram até a
meia-noite. Mas ainda é cedo para
ir dormir: no subsolo funciona
uma discoteca, que fica aberta até
que o último hóspede vá embora.
Se ainda sobrar fôlego, há o restaurante La Posada, que funciona
também como danceteria e fica a
cerca de 500 metros do hotel.
É um lugar rústico, onde os funcionários se encontram depois do
trabalho. E a festa não tem hora
para acabar.
(VJ)
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