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DUNAS E AZULEJOS
Para se refrescar nas águas do parque nacional da região, viajante enfrenta subidas e calor de mais 30C
Lagoas serpenteiam nas areias de Lençóis
DO ENVIADO ESPECIAL AO MARANHÃO
As dunas de areia que formam
o Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses são uma grande
formação arenosa que se inicia no
delta do rio Preguiças e se estende
por 70 km ao longo do litoral até
encontrar a baía formada pela ilha
de São Luís.
Embora ao longo dos anos 90 o
local tenha se transformado em
concorrido destino turístico, ainda está longe de se tornar uma região de turismo regular e constante, como Itacaré, na Bahia.
A causa desse aparente isolamento é ao mesmo tempo uma
vantagem e um desafio para
quem decide passar suas férias ali:
a infra-estrutura de turismo ainda
é bastante precária.
A porta de entrada para a região
das dunas é Barreirinhas. A cidade tem aproximadamente 40 mil
habitantes. O centro é formado
por duas ruas principais, paralelas. São os únicos exemplares com
calçamento no local.
O caminho para Barreirinhas
parte de São Luís e dura cerca de
três horas e meia por uma estrada
de asfalto impecável.
Até um ano e meio atrás, esse
mesmo caminho só poderia ser
vencido por carros com tração
nas quatro rodas. E a prudência
mandava que não se tentasse fazer o trajeto de 330 quilômetros
em menos de cinco horas e meia.
Jardineira
As máquinas fotográficas merecem cuidado extra enquanto o
viajante se aventura pelas dunas
cinematográficas. O vento constante pode encher os equipamentos de areia. Embale-os em um saco plástico transparente e deixe
apenas a lente descoberta. Isso
evita que grãos entrem no equipamento, o que pode frustrar a documentação da jornada.
O caminho de Barreirinhas ao
início das formações de areia não
parece em nada com a moderna
estrada de acesso à capital. É preciso se sacolejar por uns bons 40
minutos em uma estreita rota arenosa cercada de vegetação baixa.
O meio de transporte mais usado é a "caminhonete jardineira".
Trata-se de antigas picapes cujas
caçambas foram substituídas por
pouco confortáveis bancos que
parecem formar uma arquibancada. As agências mais sofisticadas oferecem a seus clientes transporte em utilitários de luxo, a preços igualmente de luxo.
Enquanto se segura firme para
não cair da "arquibancada" a cada tranco ou buraco do caminho,
o viajante mais habilidoso pode se
arriscar a soltar uma das mãos e
aproveitar a farta oferta dos cajueiros à beira do caminho.
Quando as frutas estão maduras, nem é preciso ter sorte para
que elas caiam sozinhas dentro do
veículo quando os galhos roçam
na caminhonete. Não tenha pudores de encher a sua sacola com
cajus, você vai fazer bom proveito
deles quando estiver nas dunas.
O trajeto off-road pode render
alguns dias com o corpo dolorido.
O caminho de terra termina no
sopé das dunas. É proibido o tráfego de veículos na areia. É hora
de sair dos carros e fazer o restante do trajeto a pé.
A região dos Lençóis é formada
por uma extensa área de dunas
que se alongam por 70 km ao longo do litoral e avançam por até 40
km em direção ao interior.
O clima no litoral maranhense é
dividido em duas estações bem
definidas: chuvas de janeiro a junho e seca de julho a dezembro.
Na primeira metade do ano as lagoas ficam cheias e formam o deslumbrante cenário visto nas fotos,
onde pequenas lagoas de água doce serpenteiam entre as ondulações de areia.
Três grandes lagoas permanentes na parte inicial dos lençóis são
as mais visitadas pelos turistas. O
passeio se inicia pela lagoa Azul,
mas antes é preciso vencer uma
aparentemente inofensiva subida
com cerca de 30 m, inclinada a
uns bons 60 graus.
Essa é a separação entre as dunas e a parte baixa do parque. Os
mais despachados vão achar desnecessária a corda usada para ajudar na subida e podem se aventurar a fazer o trajeto impulsionados apenas pela força das pernas.
Logo desistem. A rampa é de
areia fofa e fina. Se tentar andar
devagar, vai voltar a mesma distância percorrida e não sairá do
lugar. Renda-se e use a cordinha.
O caminho para a lagoa Bonita e
a lagoa do Peixe é feito a pé e não
dura mais de 20 minutos. Não se
deixe enganar pelo vento fresco,
que amaina a sensação de calor
mesmo quando os termômetros
passam dos 35C.
Aqui se está quase na linha do
Equador, e o sol é inclemente.
Quem não se proteger corre o risco de sofrer dolorosas queimaduras solares. Os guias recomendam
que o viajante leve água mineral e
use chapéu. Obedeça.
Na lagoa Azul, uma das mais belas, que nos períodos de cheia pode ter até 2 m de profundidade, há
pequenos peixes que provocam
cócegas quando beliscam, com a
boca, a pele dos visitantes.
A lagoa dos Peixes é uma das
maiores. Tem a água no mesmo
tom verde-esmeralda das outras.
Por ficar acima de um lençol freático, é a única que tem vegetação
no seu entorno. Depois de enfrentar o caminho de terra, a subida e
mais uma boa caminhada sob o
sol abrasador, é hora de relaxar
nas lagoas. Retire o chapéu, estenda a toalha na areia e saboreie os
cajus que colheu no caminho.
Lembra deles?
(RAFAEL ALVES PEREIRA)
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