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internacional
Museu fúnebre recria enterro dos papas
TOUR MACABRO - Em Houston (EUA), instituição dedicada à história funerária abriga caixões e outras peças ligadas à morte
DA ASSOCIATED PRESS
Dentro de um dos segredos
mais bem-guardados de Houston, música suave e palavras
sussurradas saem do sistema
de som, o odor das flores deixa
um rastro frágil no ar - e o negócio da morte é saudado.
Bem-vindo ao Museu Nacional da História Funerária
(www.nmfh.org), num prédio
que lembra um depósito no
norte da cidade, onde as exibições enaltecem tudo, desde o
início do embalsamento até rituais de luto da era vitoriana.
A mistura de artefatos históricos, exibições estranhas (a réplica de um necrotério da
Guerra Civil nos EUA) e curiosidades (uma coleção de cabelos humanos transformados
em jóias -uma maneira popular de honrar os mortos queridos nos tempos vitorianos)
vêm discretamente atraindo
visitantes desde 1993.
Agora, o museu espera atrair
uma audiência maior com uma
nova aquisição: "Celebrando as
Vidas e Mortes dos Papas". A
mostra de mais de 400 m2 metro é a única mostra de objetos
papais fora do Vaticano, muitos dos quais foram doados pelo alfaiate pessoal do papa, Roberto Consorsi. Eles incluem
dois dos três conjuntos de vestes funerárias feitos para João
Paulo 2º, que foi enterrado
com um deles, e a faixa que o
pontífice usava todos os dias.
O museu levou dois anos para conseguir permissão do Vaticano para o projeto, e outro
ano para preparar a exibição,
afirmou Genevieve Keeney, diretora do museu. "Somos abençoados de ter isso", diz Keeney,
que passou centenas de horas
recriando rituais funerários
papais -quase sempre a partir
de fotografias do Vaticano.
A exibição foi projetada para
recriar a experiência de participar de um funeral papal. Os visitantes são guiados por uma
série de corredores e quartos
que representam diferentes estágios do processo de luto.
Em um nicho, a morte do
pontífice é anunciada por um
trio de locutores: um britânico,
um americano e um falante de
espanhol. Nas paredes estão
capas de revistas e primeiras
páginas de jornais publicadas
após as mortes de vários papas.
As publicações, que remontam
a 1878 e à morte do papa Pio 9º,
foram compradas pela internet
pelo presidente do museu, Robert Boetticher.
Depois, o visitante atravessa
cortinas vermelhas para ver a
recriação de um papa deitado
na basílica de São Pedro, ladeado por membros da Guarda
Suíça. Um manequim representando o pontífice está vestido com as roupas funerárias
feitas para João Paulo 2º.
A exibição ainda inclui réplica dos três caixões -feitos de
cipreste, chumbo e abeto-
usados em enterros papais, e
da cripta de João Paulo 2º, sob
o altar da basílica de São Pedro.
De acordo com Keeney,
quando Roberto Consorsi, o alfaiate papal, viu a exposição pela primeira vez, ele apenas disse uma palavra: "Perfecto".
Autoridades do museu esperam que os visitantes que vêm
para a exibição fiquem para outras atrações do museu, que
mesclam a vida cotidiana com
os rituais de morte, o sério com
o engraçado, a cultura popular
com a história.
Há, por exemplo, a loja de
presentes do museu, onde os
visitantes podem comprar desde miniaturas de ataúdes feitas
de ferro até canecas com o slogan do museu: "Qualquer dia
sobre o chão é um bom dia".
No cavernoso salão principal
de exibições, caixões, dos mais
simples aos mais ornados, dividem espaço com mais de uma
dúzia de ataúdes dos mais diversos estilos e décadas, incluindo um usado para levar o
corpo da princesa Grace de
Mônaco.
A coleção inclui um ônibus
funerário Packard de 1916, projetado para levar todos os participantes de um funeral, e um
caixão "para três", feito em
1930 para um casal que planejava cometer suicídio após a
morte do filho -mais tarde,
eles mudaram de idéia.
Uma alcova negra, dedicada
a funerais de presidentes, está
cheia de recordações, como faturas dos serviços funerários
de Franklin Delano Roosevelt e
de George Washington e uma
faixa de luto usada no enterro
de Abraham Lincoln.
O museu ainda tem uma coleção de caixões de Gana entalhados à mão, elaborados para
representar a vida do morto. As
peças de cores vibrantes do escultor Kane Quaye incluem um
feito para lembrar um caranguejo, outro parecido com uma
canoa e um terceiro que representa uma galinha.
"Apenas um determinado
segmento de pessoas se interessa por caixões e vestes de luto", diz Boetticher. "Achamos
que a exibição papal será uma
atração para outras pessoas, e
que, quando elas vierem, vão
ver todo o resto."
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