São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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egito antigo

Explorador tenta fortalecer papel do país na egiptologia

PLANO>> Medidas de Hawass para missões estrangeiras de exploração incluem a obrigatoriedade de treinar egípcios

Saedi Press 05.jan.2005
Em rara aparição sem chapéu à Indiana Jones, Hawass submete a múmia de Tutancâmon a exame

DA REPORTAGEM LOCAL

Para entender a relação de Zahi Hawass com a mídia, é preciso vê-lo em ação. É inegável: o homem tem o dom de entreter e alcançar o grande público, ressaltando o drama e o mistério de relatos que poderiam ser apenas científicos.
Em sua longa carreira no Conselho Supremo de Antiguidades do Egito -o primeiro de seus vários cargos no órgão foi o de inspetor de antiguidades de Tuna el Gebel e Mallawi, a partir de 1969-, Hawass coleciona grandes descobertas, como o cemitério dos construtores das pirâmides em Gizé e o chamado vale das Múmias Douradas, em Baharyia.
A lista de eventos que geraram grande publicidade não fica atrás. Um deles foi a reedição da exposição itinerante dedicada a Tutancâmon (www.kingtut.org) cerca de três décadas após o sucesso da primeira exposição, de 1976 a 1979.
Explorador residente da National Geographic, Hawass liderou os exames mais detalhados já feitos na múmia de Tutancâmon, incluindo uma tomografia computadorizada, e a reconstrução da face do faraó com base nos dados do estudo. Outro sucesso televisivo foi a incursão de um robô equipado com uma câmera na Grande Pirâmide de Gizé.
Hawass é frequentemente descrito como "o arqueólogo mais famoso desde Howard Carter". Para ele, a comparação com o famoso explorador britânico que descobriu a tumba de Tutancâmon em 1922 vem exatamente do fato de ambos serem relacionados com a figura do menino faraó.
"Howard Carter tinha paixão por arqueologia, e eu também tenho. Ele fez grandes descobertas e é reconhecido no Egito e em todo o mundo. Eu também fiz grande descobertas e sou reconhecido no Egito e em todo o mundo. No entanto, a maioria das pessoas provavelmente faz essa conexão entre nós porque eu trabalhei com a tumba e a múmia de Tutancâmon, que foram descobertos por Carter", diz.
O plano ambicioso que deu fama a Hawass visa fortalecer o papel do Egito na egiptologia -área tradicionalmente dominada por americanos e europeus. O primeiro passo foi assegurar o fim dos tempos em que exploradores estrangeiros podiam trabalhar no Egito sem regras rígidas e fiscalização. Uma de suas medidas foi regulamentar pedidos de concessões de sítios arqueológicos para missões estrangeiras -que agora têm a obrigação de treinar egípcios, para formar mão-de-obra qualificada.
Após uma descoberta, o explorador deve conservar o que foi encontrado e publicar artigos sobre o trabalho em sua língua e em árabe, para facilitar o acesso dos egípcios às informações. Os exploradores não podem anunciar sozinhos suas descobertas -elas precisam ser examinadas pelo SCA, que faz o anúncio em nome deles.
A construção de novos museus e locais de armazenamento e catalogação de artefatos também vem de encontro com o propósito de valorizar a herança cultural do país entre os próprios egípcios -e de rebater o principal argumento dos museus instados a devolver ao Egito cinco peças consideradas por Hawass como essenciais para a cultura egípcia, a suposta falta de capacidade e interesse do país em preservar seus tesouros ao longo da história.
Há um grande número de artefatos que ficaram muito tempo esquecidos em depósitos, incluindo objetos descobertos por Carter no túmulo de Tutancâmon. Agora, com os novos depósitos, os artefatos estão sendo catalogados em uma só base -os objetos achados por Carter continuam na fila.
Sem papas na língua, Hawass criou um neologismo para os que acreditam que as pirâmides são obras de extraterrestres: "pyramidiots", ou "piramidiotas". Espetáculos à parte, ele tem certeza da eficiência de seu papel no resgate da herança histórica do Egito. "O SCA conseguiu mais realizações em seis anos do que no último século", diz, sem rodeios ou modéstia. (MARINA DELLA VALLE)


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