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NOVOS RUMOS
Em seminário em Paris, país anuncia a campanha "Bienvenue!" para melhorar acolhida e atrair mais visitantes
França discute papel no turismo até 2010
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
"O que estamos fazendo de errado?" Líder do turismo mundial,
a França, que recebeu 75 milhões
de turistas estrangeiros em 2003,
realizou em Paris um seminário,
em 29 e 30 de março, para nortear
suas ações até 2010 e colocar o dedo em suas próprias feridas.
A resposta, que ecoou de uma
consulta realizada antes mesmo
do seminário, veio da entrevista
de 10 mil profissionais do setor. A
Maison de la France (MDLF), órgão oficial de fomento turístico do
país, mantido por recursos públicos e privados, deve doravante:
empenhar-se para que a relação
entre qualidade e preço seja prioridade; zelar para que os turistas
estrangeiros sejam recebidos com
mais bom humor pelos parisienses; e fazer com que as pessoas envolvidas na recepção de viajantes
estrangeiros no país tratem de falar mais e melhor o inglês.
Num cenário de conjuntura adversa para o turismo norte-americano e mesmo para o europeu, a
França, nesse evento que reuniu,
em Paris, 150 delegados do Conselho Consultivo da MDLF vindos
de 30 países, teve a coragem de
discutir francamente assuntos como terrorismo e segurança, carestia em tempos de euro ultraforte,
competição com países emergentes em matéria de turismo, impacto da internet e da segmentação no setor e, também, a estratégia de seus principais concorrentes mundiais: Espanha, Itália, Reino Unido e EUA.
Apesar dos tempos de insegurança, o governo francês, que financia um terço do orçamento da
MDLF, pago também pela iniciativa privada e por associações
classistas, elegeu em 2004 o turismo como prioridade absoluta.
Atrás da França, a Espanha é o
segundo maior destino turístico
europeu e mundial, tendo recebido, segundo Jean Philippe Perol,
diretor da MDLF nos EUA, cerca
de 55 milhões de turistas em 2003.
Curiosamente, a França também parece preocupada com a ascensão da Itália -que tem predicados parecidos com os franceses,
como turismo urbano e cultural,
esqui, praias e gastronomia- e
com o desempenho do Reino
Unido, que tem em Londres a sua
cidadela e fortaleza turística.
Para reverter os "pontos fracos"
da França em matéria de turismo,
a MDLF planeja relançar a campanha que fez em 2000, a "Bonjour" (bom-dia), assegurando
que os turistas tenham de fato
uma gentil acolhida. O novo programa, que rivalizará com a campanha espanhola "Espanã Marca"
e com a britânica "Visit Britain",
deverá se chamar desta vez "Bienvenue!" (bem-vindo).
Tempos bicudos
"A agenda é nova", disse o diretor-geral da MDLF, Thierry Baudier, afirmando que de 2002 para
2003 a França perdeu 5,6% de seu
mercado, declinando de 77 milhões de turistas estrangeiros para
75 milhões deles.
A Guerra do Iraque e mesmo os
atentados terroristas na Espanha,
em 11 de março último, machucaram o turismo europeu e mundial, ainda que os resultados não
tenham se feito sentir de imediato
nem mesmo na Espanha.
Nos EUA, regras mais rígidas
para a concessão de vistos devem,
a médio prazo, fazer com que o
número de visitantes internacionais também decline.
De todo modo, a consolidação
da União Européia havia feito que
o turismo na região ganhasse foros de turismo regional - e que
britânicos e alemães, por exemplo, redescobrissem seus próprios
países, minorando os efeitos da
crise mundial.
Com a valorização do euro, norte-americanos e japoneses, antes
"muito valentes", tenderam a viajar um pouco menos para a Europa ou, talvez, a encurtar a permanência no velho continente.
Mas como nem tudo é ciência
exata em turismo, outros fenômenos já estão sendo sentidos e analisados por órgãos como a MDLF.
Entre eles, há a queda de preços
das passagens aéreas -e isso sugere que, no futuro próximo, turistas internacionais empreendam mais viagens e fiquem menos dias em seus destinos. Também deve tomar vulto significativo a segmentação e, nesse capítulo, a MDLF aposta que, até 2010,
pessoas mais velhas e casais homossexuais viajarão mais.
A França, por intermédio de seu
órgão de fomento turístico, também volta agora a sua atenção para novos mercados. E a surpresa
que emerge dessa reunião de Paris é a listagem dos países que devem enviar significativo contingente de turistas aos grandes destinos da Europa: China, Rússia,
Índia, Brasil e, em menor escala,
alguns países do Leste Europeu.
Silvio Cioffi viajou a Paris a convite da
Air France, da Maison de la France (SP) e
das empresas de consultoria em hotelaria X-Mart e GP Marketing.
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